Escândalo no Japão. Crianças esterilizadas à força devido a lei de eugenia

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Cerca de 16 500 pessoas foram esterilizadas forçadamente no Japão entre 1948 e 1996. As vítimas exigem uma compensação do Estado.

Um relatório de 1400 páginas sobre a lei de eugenia que vigorou entre 1948 e 1996 está a chocar os japoneses. Cerca de 16 500 pessoas foram esterilizadas forçadamente de acordo com uma lei que tinha como objectivo “prevenir o nascimento de descendentes de má qualidade”.

Mais 8000 outras pessoas foram esterilizadas com consentimento e quase 60 mil mulheres abortaram por causa de doenças hereditárias. Uma das revelações mais chocantes é que duas crianças de nove anos, um menino e uma menina, também foram esterilizados como parte do programa.

Há décadas que as vítimas desta lei exigem compensações do Estado japonês e um reconhecimento público das monstruosidades perpetuadas em nome da lei. Em 2019, foi aprovada uma lei que oferece uma compensação equivalente a 22 mil dólares para todas as pessoas afectadas pelas políticas eugénicas, com o prazo de candidatura a fechar em Abril de 2024.

Até agora, quatro tribunais deram razão às vítimas nas reclamações de reparações, mas outros deram razão ao Governo, considerando que os 20 anos previstos no enquadramento legal para o pagamento já expiraram.

Os advogados das vítimas argumentam que as vítimas só descobriram a natureza da cirurgia a que foram submetidas mais tarde, o que atrasou o processo e fez com que os crimes prescrevessem, relata o The Guardian.

“A cirurgia de eugenia privou-me de todos os meus sonhos modestos de um casamento e filhos felizes”, afirmou Iizuka, uma das vítimas da lei de 77 anos, aos jornalistas.

Ser estéril arruinou as relações de lizuka. “Assim que contei ao meu marido, em quem eu confiava, que tinha feito uma cirurgia e não podia ter filhos, ele deixou-me e pediu o divórcio. Fiquei doente mentalmente e deixei de poder trabalhar. Fui diagnosticada com stress pós-traumático“, acrescenta.

Após a publicação do relatório, o secretário-chefe do gabinete, Hirokazu Matsuno, disse que o governo “reflete sinceramente e desculpa-se profundamente” pela “dor tremenda” que as vítimas sofreram com a esterilização forçada.

Adriana Peixoto, ZAP //

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