Royal Air Force / Wikimedia Commons
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O dia mais importante para os Aliados na Segunda Guerra Mundial não teve só masterminds estratégicos no campo de batalha — contou também com a essencial ajuda de um inteligente meteorologista.
O Dia D, formalista conhecido como Operação Overlord, teve por trás um grande génio da meteorologia.
O também chamado de Desembarque na Normandia, em França, teve lugar em plena Segunda Guerra Mundial, a 6 de junho de 1944. É considerada a operação mais importante para a vitória dos Aliados e fim da II Guerra Mundial, por ter marcado o início do fim da ocupação alemã sobre a França. E a data não foi aleatória.
Nessa altura, o meteorologista britânico James Stagg era responsável pelo Met Office, o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, criado em 1854 pelo vice-almirante Robert FitzRoy, conta a LBV.
Em 1939, foi nomeado diretor do Observatório de Kew, construído em 1769 por ordem do Rei Jorge III.
A escolha para o Dia D começou a ser planeada um ano antes. Stagg procurava uma altura com condições meteorológicas favoráveis.
Em primeiro lugar, a noite anterior tinha de ser de lua cheia, não só para ajudar os aviões a largar os para-quedistas, mas também para ajudar as embarcações norte-americanas a chegar às praias durante a maré alta.
A Lua cheia serviria assim para detetar os obstáculos colocados pelos alemães e calcular o momento certo para baixar as rampas, de modo a que os soldados pudessem desembarcar sem ficarem demasiado expostos às metralhadoras inimigas. Tinha também de haver poucas nuvens, para não interferirem com o bombardeamento aéreo.
Inicialmente, o presidente Eisenhower escolheu o dia 5 de junho. No entanto, deparou-se com as objeções de um oficial com um comportamento reservado, alto e magro. “Aqui vem um Stagg de 1,80 m de altura e um Stagg de escuridão “, foi o famoso comentário do Almirante Sir George Creasy, referindo-se ao pessimismo de Stagg em relação ao tempo.
As discussões azedaram-se: alguns estrategas acreditavam em Stagg, enquanto outros consideravam que as suas afirmações não tinham fundamento.
Na altura, sem satélites, a meteorologia não era a ciência exata de agora, e as previsões podiam variar significativamente e as previsões raramente eram precisas para além de dois dias.
Stagg previu, então, um hiato de 8 horas para a invasão, dia 6. Isto porque haveria uma aberta no mau tempo, que caso não fosse aproveitada teria de suspender a inventiva durante duas semanas. O capitão decidiu acreditar no meteorologista.
E ainda bem que o fez: se tivesse esperado mais um tempo, não teria tanta sorte, uma vez que entre 19 e 22 de junho, a Normandia foi atingida por uma tempestade que teria impossibilitado o desembarque, uma vez que os barcos não foram concebidos para resistir a mares tão agitados.
Embora o tempo tivesse melhorado, sopraram ventos fortes, as ondas eram mais altas do que o previsto e as correntes empurraram algumas embarcações de desembarque para longe dos pontos de chegada previstos. Este fator, combinado com o facto de as forças alemãs serem numericamente mais fortes do que o previsto, fez com que a Operação Overlord só fosse considerada completa quase uma semana depois.
Ainda assim, é só graças a Stagg que a vitória dos Aliados foi conseguida: foi o início do fim da Segunda Guerra Mundial — e tudo graças a um meteorologista.