Há, finalmente, uma explicação científica para o facto de não se encontrarem vestígios de dinossauros em torno da Linha do Equador, durante os primeiros 30 milhões de anos da sua existência. Uma investigação recente justifica esse facto com as alterações climáticas e com fogos intensos.
Há 230 milhões de anos, quando os dinossauros apareceram na Terra, as regiões em torno da Linha do Equador apresentavam um clima instável e fogos florestais intensos que as tornavam absolutamente impossíveis para animais tão grandes sobreviverem, conclui um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Uma equipa de investigadores parece assim ter resolvido, finalmente, o mistério com que os cientistas se debateram durante anos, explicando o que terá afastado os grandes dinossauros herbívoros do Equador, durante os primeiros milhões de anos em que eles surgiram à face da Terra.
“O clima nas regiões tropicais em torno do Equador era demasiado instável com períodos de calor extremo e a vegetação não era suficiente para suportar uma população de herbívoros grandes. Por isso, só encontramos pequenos dinossauros carnívoros e outros grupos de animais nos restos fósseis do Equador dessa altura”, explica ao Science Nordic Sofie Lindström, investigadora do Inquérito Geológico da Dinamarca e da Gronelândia e uma das autoras do estudo.
“Os dinossauros que comem plantas precisam de um fornecimento estável de comida para existirem no Equador. Mas grandes flutuações no clima significavam que a composição da vegetação estava sempre a mudar”, acrescenta a investigadora.
Durante os períodos de extremo calor, deflagravam muitas vezes grandes fogos, provocados pelas tempestades, em que
grandes zonas de vegetação eram consumidas, ficando desertas.
“Durante este período, o conteúdo de CO2 na atmosfera era entre 4 a 5 vezes mais alto do que é hoje e por isso o efeito de estufa deixou a Terra, e especialmente o Equador, muito quente. Muitos lugares ao longo do Equador estariam desertos, o que podemos ver no tipo de pólen fossilizado encontrado nos sedimentos desse período”, refere ainda Sofie Lindström.
A investigadora conclui que “o Equador foi uma região muito inóspita durante milhões de anos” e que, “só depois da mudança de clima”, se tornou num lugar “hospitaleiro o suficiente para os dinossauros”.
ZAP