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Já sabemos por que é que aturamos os nossos chefes malcriados

Por que é que há pessoas que parecem simplesmente aceitar que o seu patrão lhes falte constantemente ao respeito? A ciência explica.

Com certeza surgiram na sua cabeça de imediato pelo menos duas razões que o justificam: o medo de ser despedido e a dinâmica de inferioridade/superioridade entre empregado e empregador que tantas vezes intoxica o local de trabalho.

Um estudo recente sugere que a verdadeira razão para os empregados tolerarem comportamentos abusivos por parte dos patrões se pode dever ao facto de considerarem que estes líderes têm um bom desempenho, melhor do que o deles.

Segundo o estudo, liderado por Robert Lount, da Universidade do Ohio e publicada na revista Organizational Behavior and Human Decision Processes, as ações abusivas dos chefes são frequentemente reinterpretadas como “amor exigente” (ou “tough love”, seguindo a famosa expressão em inglês) pelos seus subordinados.

O estudo envolveu duas investigações. A primeira inquiriu 576 trabalhadores de várias indústrias norte-americanas durante três intervalos, e examinou as suas experiências com chefes abusivos e as suas perceções da eficácia geral dos chefes.

Os participantes relataram casos de abuso, tais como ridicularização ou comentários ofensivos, e consideravam essas ações como abusivas ou como “amor exigente”.

Os resultados revelaram que os trabalhadores tinham mais probabilidades de classificar o comportamento abusivo como amor exigente se considerassem que o seu chefe tinha um bom desempenho; por outro lado, os patrões com menor desempenho eram mais frequentemente rotulados como abusadores.

“Se os empregados veem o seu chefe como um líder bem sucedido, isso parece ser incompatível com o facto de ser abusivo“, diz o autor do estudo, em comunicado publicado no site da Universidade do Ohio. “Por isso, rotulam o abuso como algo mais positivo, como ‘amor exigente’.”

O coautor Bennett Tepper observa que os funcionários podem acreditar que o tratamento duro de um chefe de alto desempenho tem como objetivo ajudá-los a atingir o seu potencial.

“Estes chefes podem tratar os empregados com dureza, mas presumivelmente a sua intenção é ajudar os seus seguidores a realizar o seu potencial — essa é a parte do ‘amor exigente'”, disse Tepper.

Esta perspetiva está de acordo com a ideia de que os líderes bem sucedidos conseguem fazer sobressair o melhor dos seus seguidores, apesar dos seus métodos mais abusivos.

A segunda parte do estudo envolveu uma experiência de laboratório com 168 estudantes universitários, que foram colocados em equipas virtuais lideradas por um estudante de MBA — na realidade, controlado pelos investigadores.

Os participantes receberam mensagens abusivas (que liam “Não me façam perder tempo com ideias estúpidas! Façam melhor do que um típico estudante e não nos envergonhem!”) ou encorajadoras do suposto líder da equipa e foram posteriormente informados sobre o desempenho da sua equipa em relação às outras.

Os resultados mostraram que os participantes tinham menor probabilidade de classificar negativamente um líder abusivo se a sua equipa tivesse um bom desempenho: o sucesso atenua a perceção de abuso.

ZAP //

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