Uma equipa de investigadores finalmente conseguiu descobrir a função dos aglomerados de proteínas na superfície das células cerebrais no hipocampo.
Já há muito que o papel de certos aglomerados de proteínas na superfície das células cerebrais no hipocampo intriga os cientistas — e este mistério pode finalmente ter sido resolvido.
As disrupções nestes aglomerados podem causar problemas neurológicos severos e um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America sugere que estes grupos são pontos de acesso que sinalizam o cálcio e que vão vitais na activação da expressão dos genes.
Estes aglomerados de proteínas são como canais iónicos grandes que permitem que os átomos carregados entrem nas células. As trocas destes iões são uma das principais formas como as células, como os neurónios, comunicam umas com as outras, escreve o Science Alert.
“Já sabemos da função de outros tipos de aglomerados de canais iónicos, por exemplo, aqueles nas sinapses, há muito tempo. Mas não havia um papel conhecido destas estruturas muito maiores no corpo celular na fisiologia do neurónio“, revela o fisiologista James Trimmer da Universidade da Califórnia, que é um dos autores do estudo.
Através das experiências nos neurónios de roedores, a equipa de cientistas separou os canais de potássio e cálcio que têm partes de proteínas a ligá-los. Já tinham conseguido detectar canais múltiplos nestes aglomerados de proteínas — alguns que permitiam apenas iões de potássio e outros só para iões de cálcio.
A equipa inundou os neurónios com os fragmentos do canal de potássio a que os canais de cálcio se tinham ligado antes de caírem dos aglomerados de membranas celulares. Foi assim que a ligação entre os os sinais celulares eléctricos e a expressão dos genes foi quebrada — um processo que é fundamental para que o cérebro funcione normalmente e possa aprender e reter memórias.
“Há muitos canais de cálcio diferentes, mas o tipo específico de canal de cálcio encontrado nestes aglomerados é necessário para converter mudanças na actividade eléctrica a mudanças na expressão genética”, explica Trimmer.
Estes aglomerados de neurónios estão também “altamente conservados“, ou seja, mantiveram-se pouco alterados com os processos evolutivos, o que já demonstra a sua importância. Até 100 aglomerados podem estar amontoados numa única célula.
“Estamos apenas no início da compreensão da importância desta sinalização, mas estes novos resultados podem dar informações que podem modelar novas pesquisas sobre o seu papel na função cerebral e se calhar no desenvolvimento de novas formas de terapia“, remata o autor.
Átomos ou moléculas que cedem ou captam electrões, em português de Portugal, dão origem a iões (ião sing.). Há necessidade de utilizar outra forma estando em Portugal? Obrigado.
Caro Miguel Tavares,
Obrigado pelo reparo. Está corrigido.
Obrigado pela atenção.