Já sabemos como é que as jiboias não se engasgam com as presas

guilherme jofili / Flickr

Uma jiboia-constritora

Poderosas caçadoras, as jiboias-constritoras são conhecidas por incapacitarem as presas, esmagando-as até à morte, antes de as engolirem inteiras.

Os investigadores conseguiram finalmente descobrir como é que estas cobras conseguem fazê-lo sem asfixiarem, segundo a Science Alert.

Ao contrário da crença popular, estes répteis não venenosos matam as suas presas sufocando o fluxo de sangue do seu coração e cérebro, em vez de as asfixiarem.

Esta técnica permite-lhes abater presas relativamente grandes, incluindo porcos selvagens e macacos, segundo um estudo publicado no Journal of Experimental Biology, em março.

Mas as cobras não têm diafragma — a fina camada que existe mamíferos como nós, que se contrai para mover o ar para dentro e para fora dos pulmões — por isso dependem inteiramente dos seus músculos das costelas para respirar.

Isto significa que quando esses músculos estão ocupados a esmagar algo externamente ou a espremer comida através dos seus corpos em forma de cilindro, as serpentes também não conseguem mover o ar.

No entanto, estas cobras aumentam o consumo de oxigénio em quase 7 vezes enquanto subjugam as suas vítimas, em comparação com as taxas de repouso, e até 17 vezes para digerir as presas com um quarto do seu próprio peso corporal.

A capacidade das jiboias de sufocar e matar uma presa durante até 45 minutos, sem elas próprias ficarem sem ar tem sido um mistério de longa data.

Investigadores liderados por John Capano, biólogo da Universidade de Brown, usaram algemas de pressão arterial para descobrir o que acontece quando diferentes partes de uma jiboia são esmagadas — o que parece ser uma tarefa arriscada.

“Ou os animais não se importaram com a algema, ou ficaram na defensiva e fizeram barulho para tentar que o investigador saísse”, recorda Capano, explicando que os répteis encheram os pulmões para sibilar, dando à equipa a oportunidade perfeita para medir algumas grandes respirações.

Ao comprimir o punho ao longo de diferentes pontos, a equipa conseguiu avaliar e reconstruir a forma como as costelas da jiboia se movem.

Quando as costelas mais próximas da cabeça da serpente foram asfixiadas pela algema, as costelas mais perto da cauda começaram a mexer-se. Se a algema agarrasse as costelas mais atrás, a parte da frente da serpente assumia o movimento.

Assim, as jiboias-constritoras podem alterar que parte da sua caixa torácica está a fazer os seus movimentos respiratórios — salvando-se de asfixiar quando os seus músculos respiratórios estão ocupados.

Capano e os restantes investigadores apelidaram esta nova capacidade de “ventilação pulmonar modular“, e suspeitam que esta evoluiu antes de as cobras começarem a contrair as suas presas.

Enquanto os corpos longos evoluíram pelo menos 65 vezes entre animais com espinhas dorsais, as serpentes têm a maior diversidade de todos estes grupos, com quase 4.000 espécies conhecidas.

Alguns investigadores sugeriram que a capacidade das cobras de abater uma grande presa e a engolir inteira pode ter sido o que lhes deu a sua vantagem, permitindo-lhes consumir uma maior variedade de presas.

A ventilação modular dos pulmões, segundo a equipa, terá sido uma característica chave na evolução da cobra: “Esta notável capacidade de subjugar e consumir uma presa tão maciça pode ter facilitado a entrada em novos nichos ecológicos“.

Alice Carqueja, ZAP //

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