Sem margem de erro. Dois jogos, outras tantas derrotas, é este o saldo do Benfica decorridas que estão duas jornadas no Grupo D da Liga dos Campeões.
Os “encarnados” perderam na deslocação ao Giuseppe Meazza e complicaram as contas tendo em vista o apuramento para os oitavos-de-final.
Após uma primeira parte equilibrada, o Inter tomou de assalto o jogo, anulou os comandados de Schmidt e o resultado apenas pecou por ser escasso, tal foi a superioridade dos donos da casa no duelo desta terça-feira, perante um opositor macio, sem ideias e sem chama.
Marcus Thuram foi o autor do golo que definiu o “score”.
No outro jogo deste grupo, a Real Sociedad venceu o Salzburg por 2-0.
Antes do apito inicial, Roger Schmidt voltou a surpreender, apostou em Bernat (estreia absoluta de águia ao peito) no flanco canhoto, Morato fez de António Silva (a cumprir castigo) e actuou sem referência no ataque (Musa ficou no banco), apostando numa linha ofensiva móvel com Aursnes na esquerda, Di María na direita e Rafa nas costas de Neres.
Destacaram-se alguns lances perigosos: Aursnes viu Sommer (13’) estragar-lhe a festa e, cinco minutos volvidos, Dumfries ripostou. Pouco depois Bah lesionou-se e foi substituído por Tomás Araújo.
Num jogo com muitas perdas de bola – os anfitriões registaram oito perdas da posse no terço defensivo e os forasteiros cinco – , o Inter tentava ferir nas transições e o Benfica mostrava-se precipitado nas saídas para o ataque, ainda assim conseguiu bons envolvimentos na recta final, em dois lances que foram anulados por fora-de-jogo.
Ao descanso, Hakan Çalhanoğlu era a unidade em foco um GoalPoint Rating de 6.5, fruto de um remate, cinco passes progressivos e cinco recuperações de posse.
Do lado encarnado, Fredrik Aursnes impunha-se com um remate, dois passes progressivos e quatro acções defensivas – GoalPoint Rating de 6.4.
Se no período inicial o equilíbrio foi palavra de ordem, na segunda metade praticamente só deu Inter.
Os vice-campeões europeus subiram as linhas, foram mais agressivos na recuperação da posse e exploraram o flanco esquerdo, Dimarco, Mkhitaryan e Barella “caiam” sobre Tomás Araújo – nada auxiliado por Di María e pelos médios.
O Benfica não conseguia segurar o esférico durante alguns segundos – Neres e Rafa com muitas dificuldades para jogarem de costas perante o trio de centrais contrários – e os lances de perigo iam-se avolumando, ora a barra, ora o poste, ora Trubin iam adiando aquilo que parecia uma inevitabilidade.
Até que aos 62 minutos, Dumfries descobriu Marcus Thuram e este abriu o activo, dando justiça ao “placard”.
Mais uma vez, Roger Schmidt não se antecipou ao que estava a acontecer dentro das quatro linhas, demorou imenso tempo a mexer nas peças e quando refrescou a equipa, pouco ou nada conseguiu fazer para travar a “locomotiva” transalpina.
Os “nerazzurri” voltaram à carga e poderiam ter vencido de forma mais folgada, mas Lautaro esteve numa noite não e Trubin voltou a demonstrar predicados, com uma série de excelentes intervenções.
Com mais coração do que arte, as “águias” ainda tentaram minimizar os estragos, mas pouco fizeram para ameaçar a baliza de Sommer.
Melhor em Campo
Após ter sido um dos principais municiadores do Inter na temporada passada, na eliminatória contra o Benfica, Nicolò Barella voltou a exibir-se em pleno, principalmente na fase de maior ascendente da equipa da casa.
Saiu na recta final com dois remates, quatro passes para remate, dez passes progressivos (máximo no jogo), três passes super progressivos, seis acções com a bola na área contrária e nove acções defensivas. Números incríveis que atestam a “perfomance” do MVP desta terça-feira, com um GoalPoint Rating de 8.6.
Destaques do Inter
Marcus Thuram 7.4
Morato estava a roubar-lhe protagonismo, mas soube estar no sítio certo no momento certo e definiu o jogo com um remate eficaz, no único que fez. Criou ainda três passes para finalização, venceu cinco duelos, perdeu dez e foi eficaz em três dos sete dribles que realizou.
Hakan Çalhanoğlu 7.2
O “Pirlo” deste Inter demonstrou que os “tampões” não tem de jogar “feio e mal”. Número 10 de formação transalpina recuou no terreno, mas continua a ser o “maestro” e foi ele quem definiu os ritmos da equipa, destacando-se com um remate, três passes para disparo, uma eficácia de 91% nos passes (cinco falhados em 54 tentados), dez recuperações de posse, oito perdas e cinco acções defensivas.
Lautaro Martínez 5.6
Após o “poker” diante da Salernitana, o capitão esteve com a mira desacertada e foi perdulário. Autor de dez remates – golos esperados (xG) de 1,8 -, desperdiçou quatro ocasiões flagrantes e contabilizou 16 acções com a bola no interior da área benfiquista.
Destaques do Benfica
Anatoliy Trubin 8.1
Não fosse o ucraniano e o resultado teria sido mais expressivo. Sem culpas no golo sofrido, Trubin foi testado na segunda parte e gritou presente com sete intervenções – evitou 2,5 golos (defesas – xSaves) -, alguma delas de elevado grau de dificuldade.
Aursnes 6.3
De volta ao meio-campo, esteve num bom plano e é dele a ocasião mais clara da equipa em todo o jogo (13′). Esteve em todo o lado, mas quase nunca foi acompanhado da melhor maneira. Contabilizou ainda dois passes para remate, sete recuperações de posse, 14 perdas registadas e sete acções defensivas.
Morato 6.0
Acusou a pressão inicial – nove passes de risco, seis na fase inicial -, mas com a passagem dos minutos estabilizou e foi uma das melhores unidades da equipa, com 100 acções com a bola (máximo), 15 duelos conquistados, seis duelos aéreos defensivos vencidos em sete tentados, oito recuperações de posse, 15 perdas e 19 acções defensivas.
Bernat 5.9
Na estreia de águia ao peito, o espanhol não comprometeu. Falhou apenas um passe em 51 tentados (eficácia de 98%), protagonizou um remate, quatro perdas de bola e seis acções defensivas. Poderá ser um bom “substituto” de Grimaldo.
Otamendi 5.9
Ia oferecendo o ouro a Lautaro, mas ainda foi a tempo de corrigir. Muito em jogo, acumulou 14 acções defensivas, cinco recuperações de posse e 14 perdas.
Bah 5.6
Lesionou-se e saiu aos 23 minutos, altura em que tinha feito um passe para remate, duas recuperações de posse e três acções defensivas.
Tomás Araújo 5.3
Entrou a frio e foi ocupar uma posição que não é sua – Bah é a única opção de raiz no plantel para o lado direito da defesa. Foi por este corredor que o ataque do Inter mais apostou e o internacional sub-21 pouco auxílio teve. Registou oito passes de risco falhados, venceu sete duelos, perdeu um, acumulou cinco perdas de posse no terço defensivo e atingiu as oito acções defensivas.
Di María 5.0
Saiu aos 80 minutos com queixas musculares, após um lance em que se isolou (estava em posição irregular). Não foi um jogo fácil para o argentino – não desequilibrou no ataque e pouco ajudou a defender – e para a equipa. Orquestrou um passe de ruptura, registou três passes de risco falhados, dez perdas de bola, sofreu três faltas, venceu seis duelos e perdeu três.
Orkun Kökçü 4.7
Sem espaço para pensar, o meio-campo “encarnado” foi “varrido” neste jogo. O turco foi bem pressionado, não conseguiu ditar os ritmos da partida. Venceu apenas dois duelos, perdeu seis, chegou às dez perdas de bola e atingiu as duas acções defensivas.
João Neves 4.5
Mais vítima das deficiências colectivas do que réu, acabou por ser um dos prejudicados da pressão deficiente que a equipa teve para este encontro. O meio-campo a dois ficou exposto perante a maior agressividade do Inter. Neves teve uma exibição abaixo do nível que tem patenteado com 12 passes de risco falhados, registou 18 perdas de bola, sofreu três desarmes, acumulou cinco acções defensivas e permitiu três dribles.
Resumo
// GoalPoint