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“Osmose Inversa”: Investigadoras da FEUP transformam água do mar em potável

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Uma nova solução, criada por duas investigadoras da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, permite obter minerais imprescindíveis na indústria farmacêutica, automóvel e eletrónica.

As investigadoras Eva Sousa e Sofia Delgado criaram um método de valorização dos materiais presentes na salmoura – associada muitas vezes a água extremamente salgada e carregada de toxicidade em resultado da dessalinização da água do mar – obtidos através de um processo designado por Osmose Inversa.

Com um potencial de mercado estimado em 7 mil milhões de euros, esta nova tecnologia poderá ser a solução para vários problemas associados à sustentabilidade no setor da água.

Os resultados preliminares da técnica desenvolvida pelas duas investigadoras do do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE), sediado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) são promissores e deram já origem à SeaMoreTech, uma spin-off da FEUP.

A dessalinização é uma das soluções apontadas para combater a escassez de água e a seca, que vão acontecer com mais frequência e intensidade nos próximos anos, por causa das alterações climáticas.

A solução vai permitir obter minerais absolutamente necessários na indústria farmacêutica, automóvel e também no campo da eletrónica, que têm visto as suas cadeias de valor muito atrasadas, em consequência da dependência da Rússia e da China neste processo e de toda a situação geopolítica que se vive com o conflito na Ucrânia.

“Ao valorizarmos uma corrente que é vista tipicamente como um subproduto, um resíduo, que é a salmoura, nós podemos, de facto, de uma forma muito rápida e também muito eficiente, devolver todos estes minerais para estas indústrias que tanto necessitam”, explica Sofia Delgado.

“Em simultâneo, viabilizamos a própria tecnologia da Osmose Inversa no ponto de vista, por exemplo, de duplicar a eficiência na recuperação de água potável”, acrescenta a investigadora.

“Estamos em Portugal, um país com 900 quilómetros de costa, temos que nos virar para o óbvio, que é trabalhar no desenvolvimento de uma economia azul sustentável”, diz por seu turno Eva Sousa.

“Há aqui um potencial enorme que tem que ser aproveitado até para podermos viabilizar tudo o que vem a seguir, como a proteção de espécies marinhas e dos ecossistemas”, acrescenta.

As duas jovens engenheiras conheceram-se quando desenvolviam trabalho no âmbito das respetivas teses de doutoramento no LEPABE, baseadas em eletrolisadores e pilhas de combustível para a produção e utilização de hidrogênio verde.

Focadas e fortemente motivadas pelos resultados que têm obtido à escala laboratorial, Eva Sousa e Sofia Delgado assumem que o grande objetivo para os próximos meses passa por trabalhar na comercialização da tecnologia de forma sustentável e viabilizar a utilização da água do mar para a produção hidrogénio verde ou para a utilização pelas comunidades como água potável.

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