Investigadora “descobre” cancros em quadros de Picasso e Rubens

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Museo del Prado

"As Três Graças" (1635), pintura a óleo de Peter Paul Rubens

“As Três Graças” (1635), pintura a óleo de Peter Paul Rubens

Uma investigadora da Universidade de Coimbra analisou algumas obras de arte onde “é indiscutível a presença de tumores”, nomeadamente em quadros de pintores como Rafael, Rubens e Picasso.

Helena Saldanha, catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, realizou o exercício de investigar a representação do cancro da mama ao longo da História a convite do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), depois de terminar o curso de História da Arte.

Médica reformada, Helena Saldanha há muito tempo tinha reparado nas “anomalias do tipo médico” em obras de arte, que quando era mais nova “não conseguia explicar”, e conta à agência Lusa que “há obras em que é indiscutível a presença de tumores”. 

Por exemplo, na pintura barroca “As Três Graças“, do artista flamengo Peter Paul Rubens (século XVII), uma das mulheres representadas tem “todos os sinais de um cancro da mama em estado avançado”, com um inchaço na axila que indica uma invasão do cancro.

Esta foi a “época em que a medicina se começou a desenvolver, em que o Homem era considerado o centro do universo e em que houve uma maior atenção ao corpo humano, sem o querer transformar em estátuas greco-romanas”, afirmou Helena Saldanha, convicta de que Rubens pintou “de forma consciente o tumor da mulher” representado na pintura.

Mais “defeitos” na arte

Antes do século XVI, segundo a catedrática, o corpo “surgia sem defeitos”, encontrando-se depois “uma aproximação à realidade” em Rubens ou no pintor italiano Rafael, que representa o cancro da mama num retrato da sua amante, Marguerita Luti.

“A mama tem uma simbologia que foi sempre ilustrada ao longo da História. Está correlacionada com a fertilidade, com o erotismo, com a vida, mas também com o sofrimento”, concluiu.

Outros artistas mais recentes abordam o tema, como Pablo Picasso, em que numa das suas obras se observa uma mastectomia, ou o francês Marcel Duchamp, do início do século XX, “numa obra pouco conhecida”, com uma legenda por cima da mama a dizer “Prière de toucher” (Por favor, toque), remetendo para a prevenção, sublinhou.

Também na obra “A persistência da memória”, do espanhol Salvador Dalí, Helena Saldanha encontra alusões ao cancro, numa pintura em que “é transmitido o pavor tremendo que o pintor tinha pela morte e pelo cancro, numa clara vontade de ver o tempo prolongar-se”.

Helena Saldanha irá realizar uma conferência este sábado, no Museu Machado de Castro, em Coimbra, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, organizadas pelo núcleo do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

ZAP / Lusa

1 Comment

  1. eu sou deficiente estou numa cadeira de rodas e goastava de dar as minhas pinturas para venda e ajudar a liga contra o cancro.
    faço exposiçoes em alcoitao!… adoro os mestres das grandes pinturas.
    gostei muito daquilo que li.
    bem vindos

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