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O interior de Saturno pode ser “viscoso” como mel (e encerrar um mistério)

JPL / Space Science Institute / NASA

Uma nova investigação, levada a cabo por cientistas da Universidade Nacional Australiana (UNA), sugere que o interior de Saturno pode fluir de forma viscosa, tal como o mel, devido ao seu campo magnético.

A descoberta, que teve por base dados da missão espacial Cassini da NASA, pode ajudar a perceber por que motivo os seus ventos fortes acabam a uma profundidade de 8.500 quilómetros no interior do gigante gasoso.

Estes ventos fortes, conhecidos como correntes de jato, formam as “riscas” no exterior de Saturno – semelhantes, mas menos notórias de que as de Júpiter.

Em comunicado a semana passada divulgado, a UNA recorda que Saturno não tem uma superfície sólida, sendo um planeta gasoso composto principalmente por hidrogénio e hélio que se movem de forma fluída e sem qualquer problema.

Ventos fortes, conhecidos como correntes de jato, formam a aparência de listras no exterior de Saturno – semelhantes, mas menos severos do que os de Júpiter.

Depois de analisar os dados da Cassini, os cientistas descobriram que, a determinadas profundidades, onde a pressão é alta, o gás torna-se num líquido que conduz eletricidade. Este líquido, que flui eletricamente, pode distorcer o campo magnético, tornando o fluído mais viscoso, tal como mel, explicou o co-autor do estudo, Navid Constantinou.

“As medições da Cassini revelaram que estes fluxos de jato [ventos forte] continuam até cerca de 8.500 quilómetros no interior de Saturno, o que representa aproximadamente 15% da distância em direção ao centro do planeta (…) No fundo de Saturno, onde a pressão é alta, o gás torna-se num líquido que conduz eletricidade e é mais fortemente influenciado pelo campo magnético do planeta”, sustentou.

“Um líquido que flui eletricamente, dobra ou distorce um campo magnético. Mostramos que a distorção do campo magnético torna o fluído mais viscoso, como o mel”.

Segundo o cientista, este modelo teórico indica que o efeito viscoso do campo magnético pode ajudar a explicar o mistério dos ventos de Saturno. “Os mistérios que ocorrem no interior de Saturno e no interior de outros gigantes gasosos do nosso Sistema Solar começam agora a desvendar-se lentamente”, concluiu.

As descobertas podem oferecer uma melhor compreensão dos planetas que compõem o nosso Sistema Solar, bem como oferecer uma “forma promissora” e analisar e interpretar dados recolhidos por missões espaciais.

Os resultados da investigação foram publicados esta semana na revista científica especializada Physical Review Fluids.

ZAP //

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