A deslocação de membros dos Trabalhistas para os EUA para fazer voluntariado para a campanha de Kamala Harris motivou um processo legal da campanha de Trump, que se queixa de interferência estrangeira nas eleições.
A relação entre o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e Donald Trump arrancou com o pé esquerdo. O candidato presidencial norte-americano apresentou uma queixa legal onde acusa membros do Partido Trabalhista de “interferência estrangeira flagrante” nas eleições, uma vez que os voluntários trabalhistas estão alegadamente a ajudar a camapanha de Kamala Harris.
A campanha de Trump manifestou a sua preocupação com o facto de funcionários do Partido Trabalhista terem viajado para estados-chave para as eleições nos EUA para apoiar Harris. Os Republicanos alegam que este envolvimento viola a lei americana que proíbe as contribuições de cidadãos estrangeiros para campanhas políticas.
A queixa menciona especificamente relatos de contactos entre altos funcionários do partido Trabalhista e a campanha de Harris, bem como uma publicação no LinkedIn, entretanto apagada, do chefe de operações dos Trabalhistas, que indicava que cerca de 100 ativistas do partido iam para os Estados Unidos para prestar assistência em redutos Democratas nos estados da Carolina do Norte, Nevada, Pensilvânia e Virgínia. A mensagem também oferecia ajuda para o alojamento e sugeria que ainda havia lugares disponíveis para outros se juntarem ao esforço.
Isto provocou alarme na campanha de Trump, que comparou as atividades dos trabalhistas às do Partido Trabalhista Australiano (ALP) durante as eleições de 2016 nos EUA, quando enviou delegados para ajudar a campanha de Bernie Sanders. Nesse caso, a Comissão Eleitoral Federal dos EUA multou o ALP e a campanha de Sanders em 14 500 dólares cada um por violações relacionadas com contribuições estrangeiras, recorda o The Guardian.
Uma declaração no site oficial de Trump denunciava o Partido Trabalhista como uma entidade de “extrema-esquerda” que tinha influenciado as “políticas perigosamente liberais” de Harris. A mensagem fazia ainda alusões históricas, comparando as ações dos Trabalhistas com os esforços militares falhados da Grã-Bretanha durante a Revolução Americana.
Apesar destas acusações, Starmer rejeitou as preocupações sobre o impacto que esta queixa poderá ter na sua relação com Trump, caso o antigo presidente regresse à Casa Branca. O primeiro-ministro sublinhou também que os funcionários estavam a agir como cidadãos privados no seu tempo livre, e não na qualidade de representantes oficiais do partido.
“Os voluntários do Partido Trabalhista têm ido ajudar em praticamente todas as eleições. Fazem-no no seu tempo livre, fazem-no como voluntários”, disse Starmer, procurando minimizar a controvérsia. “Foi o que fizeram em eleições anteriores, é o que estão a fazer nestas eleições, e isso é muito simples.”
Quando questionado sobre se a queixa pode afetar a sua relação com Trump, Starmer mostrou-se otimista. “Passei algum tempo em Nova Iorque com o Presidente Trump, jantei com ele, e o meu objetivo ao fazê-lo era garantir que entre nós os dois estabelecíamos uma boa relação, o que aconteceu”, garante.
Os Trabalhistas afirmam também que as viagens aos Estados Unidos não são organizadas ou financiadas pelo partido e que todos os funcionários envolvidos estão a fazer voluntariado de forma independente. Esta distinção, esperam os trabalhistas, protegê-los-á do tipo de sanções legais em que incorreu o Partido Trabalhista australiano durante as eleições de 2016.