Bebés: qual é o impacto da interação com adultos no desenvolvimento social e da linguagem?

Portugueses estudam cérebro de bebés para melhor compreender os impactos da interação com adultos no desenvolvimento social e da linguagem.

É do senso comum que os primeiros anos de vida são essenciais num ser humano. Agora, uma investigação portuguesa está a ir mais longe nessa compreensão.

Um projeto de investigação liderado pela Universidade de Coimbra (UC) estuda o funcionamento do cérebro de bebés, para melhor compreender os impactos da interação com adultos no desenvolvimento social e da linguagem.

A análise denominada SocialBabyBrain vai ser feita através de momentos em que partilham o foco de atenção com adultos, identificando as áreas cerebrais que são mais ativadas e se relacionam posteriormente com o desenvolvimento social e da linguagem.

A equipa, explica a UC em comunicado enviado ao ZAP, quer contribuir para identificar marcadores neuronais que possam, futuramente, ajudar a identificar precocemente crianças que apresentem maior risco de dificuldade na interação social e na comunicação.

“A atenção partilhada – ou seja, a forma como os bebés coordenam com um adulto a sua atenção em relação a um objeto – é um marco importante na forma como compreendem o mundo social que os rodeia”, contextualiza a investigadora Vera Mateus.

Assim “conhecer os mecanismos cerebrais subjacentes ao desenvolvimento desta habilidade de interação social pode ajudar a identificar precocemente padrões comportamentais e neuronais que constituem maior risco para dificuldade na interação social e comunicação com os outros”, elucida a também coordenadora do projeto SocialBabyBrain.

Os bebés vão passar por várias atividades. Várias brincadeiras, na prática: “Eles vão realizar algumas brincadeiras com uma investigadora da equipa, usando alguns brinquedos”.

“Numa das atividades, o bebé usa uma touca elástica com sensores – técnica não invasiva e totalmente segura – que nos permite aprender como funciona o seu cérebro. Esta técnica, denominada espectroscopia funcional por infravermelho próximo (fNIRS), regista a ativação do cérebro durante os momentos de brincadeira, permitindo identificar quais as áreas mais ativas nos momentos de interação”, relata Vera.

Também vai haver um momento de brincadeira entre a mãe e o bebé e alguns questionários para conhecer a família e o bebé.

A investigação tenta ir além de estudos anteriores, que só se focam num momento de avaliação.

A partir da recolha de dados comportamentais e de neuroimagem, para além de investigar mudanças ao longo do tempo no cérebro dos bebés, este projeto “permitirá compreender como as manifestações comportamentais da atenção partilhada se relacionam com a maturação de áreas cerebrais específicas, e explicam as diferenças individuais em habilidades sociocomunicativas que surgem mais tarde, como a linguagem e a competência social”.

O estudo português também vai tentar “ajudar a informar programas de intervenção precoce, direcionados a pais e profissionais de saúde e de educação que lidem com crianças desta faixa etária, com a finalidade de promover trajetórias de desenvolvimento mais positivas”.

O projeto SocialBabyBrain – Correlatos neurais da atenção partilhada: uma base fundamental para o desenvolvimento subsequente da competência social arranca já nesta semana e vai estar em curso até 2026. Inclui bebés até aos 9 meses de idade.

ZAP //

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