Os computadores modernos ainda ficam muito aquém dos cérebros humanos na capacidade de decisão e de armazenamento. Os biocomputadores à base de organóides podem levar a computação a novos níveis e são mais eficientes.
Um novo estudo publicado na Frontiers of Science sugere que os computadores do futuro funcionarão à base de células humanas, numa nova era de inteligência organóide — um campo multidisciplinar emergente que estuda o desenvolvimento de biocomputadores.
Os organóides são pequenos tecidos 3D que se auto-organizam e que tipicamente derivam de células estaminais. Até à data, já foram criadas culturas de organóides em vários orgãos, como os intestinos, o fígado, o pâncreas, os rins, a próstata, os pulmões ou o cérebro e a inovação não deve ficar-se por aqui, relata o IFLScience.
Estes tecidos dão oportunidades únicas aos cientistas para estudar doenças humanas sem precisarem de fazer testes com animais.
Uma equipa de cientistas está agora a tentar aplicar esta tecnologia à computação. Em 2012, os investigadores começaram a produzir e reunir organóides cerebrais usando amostras da pele humana que foram reprogramadas em células estaminais embriónicas.
Cada organóide tem cerca de 50 mil células, incluindo neurónios que sustentam funções básicas, como a aprendizagem e a memória, o que abre a porta ao desenvolvimento de biocomputadores futuristas.
Estes computadores do futuro serão muito mais sustentáveis no plano energético. Apesar de os cérebros humanos serem muito mais lentos do que os computadores a processar informação, são muito superiores na tomada de decisões lógicas e têm uma capacidade de armazenamento estimada em 2500 terabytes.
“O cérebro ainda é incomparável com os computadores modernos. Frontier, o mais recente supercomputador no Kentucky, é uma instalação de 600 milhões de dólares e 632 metros quadrados. Só em junho do ano passado é que superou pela primeira vez a capacidade computacional de um único cérebro humano – mas usando um milhão de vezes mais energia”, explica Thomas Hartung, professor de ciências de saúde ambientais e autor principal do estudo.
Embora a realidade da inteligência organóide ainda estar num futuro distante, Hartung acredita que os biocomputadores podem ser significativamente mais rápidos, mais eficientes e mais poderosos do que os computadores normais.
“Serão precisas décadas até atingirmos o objetivo de algo comparável a qualquer tipo de computador”, disse Hartung. “Mas se não começarmos a criar programas de financiamento para isso, será muito mais difícil.”