A nossa inteligência pode ser influenciada pelo que temos na barriga

A composição das bactérias no nosso intestino, conhecida como microbioma intestinal, pode estar associada a diferentes níveis de inteligência, de acordo com um novo estudo.

Embora vários estudos tenham estabelecido uma ligação entre o microbioma intestinal e a memória ou a capacidade de aprender, ainda não é claro se esta correlação se deve ao facto de a educação influenciar as escolhas alimentares, que consequentemente afetam o microbioma.

Para investigar se determinadas bactérias intestinais influenciam diretamente os marcadores de inteligência ou se existe simplesmente uma correlação entre os dois, investigadores chineses examinaram os dados do microbioma e do genoma de mais de 18 mil pessoas.

Os cientistas identificaram dez variantes genéticas associadas aos níveis de Oxalobacter e 14 variantes genéticas associadas a Fusicatenibacter. Estes são dois grupos de bactérias intestinais.

Também analisaram os resultados de testes verbais e matemáticos, bem como os dados do genoma, de um grupo separado constituído por mais de 260 mil pessoas.

Os resultados revelaram que os indivíduos geneticamente predispostos a ter níveis mais elevados de espécies de Oxalobacter no seu intestino tendiam a ter resultados mais baixos nos testes, enquanto os indivíduos predispostos a ter mais Fusicatenibacter tinham resultados mais elevados, segundo a New Scientist.

No entanto, a inteligência é uma característica complexa e não pode ser medida com apenas alguns testes, realça Kaitlin Wade, da Universidade de Bristol.

No caso da Fusicatenibacter, níveis mais elevados da bactéria foram também associados a um maior volume cerebral, que tem sido associado à inteligência. Porém, o mecanismo através do qual a Oxalobacter pode reduzir as pontuações nos testes não é compreendido pelos autores.

Embora os resultados sejam promissores, Wade sublinha que é demasiado cedo para determinar se certas bactérias podem ser tomadas como suplementos para influenciar a inteligência.

Além disso, as variantes genéticas examinadas no estudo não estavam fortemente associadas aos níveis bacterianos, o que limita a análise. Os resultados foram publicados em maio no repositório online medRxiv e aguardam revisão de pares.

ZAP //

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