Os cientistas descobriram que a Inteligência Artificial pode revolucionar a forma como encaramos os vírus, esses minúsculos micróbios que desempenham um papel tão preponderante nas nossas vidas.
Os vírus estão à nossa volta e, apesar de estarem tão perto, atualmente não classificamos nem uma fração dessa enorme e diversificada população. Esses pequenos organismos, que só conseguem sobreviver dentro de um organismo vivo, podem causar estragos nos nossos corpos. Mas essa não é a principal preocupação dos investigadores.
Agora, os cientistas sabem que os vírus podem estar a desempenhar um papel crucial em “doenças não virais“, como a cirrose hepática, ou até mesmo a doença inflamatória intestinal, mas ainda não sabem como. Para lá chegarem, precisam da ajuda da inteligência artificial.
Os vírus não podem ser cultivados em laboratório. É por essa razão que os cientistas procuram novas espécies em ambientes diversos, como sistemas de esgotos. Contudo, retirar micróbios isolados da terra é um processo demasiado demorado que dificulta o entendimento dos cientistas sobre o comportamento de vírus em rápida evolução.
É aqui que a Inteligência Artificial entra em cena. Segundo o Futurism, o algoritmo é treinado para identificar padrões complexos, podendo ser usado para passar a pente fino enormes conjuntos de dados genómicos em busca de novos vírus.
O bioinformática Deyvid Amgarten, da Universidade de São Paulo, no Brasil, usou a Inteligência Artificial para identificar genomas de vírus escondidos em pilhas de compostagem no jardim zoológico da cidade.
À Nature, o especialista explicou que irá usar as suas descobertas para aprender como é que os vírus conseguem ajudar a decompor a matéria orgânica e a tornar a compostagem mais eficiente.
O seu trabalho foi inspirado por uma ferramenta construída por Jie Ren, um biólogo computacional da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, que usou um algoritmo para examinar e comparar amostras de fezes de pessoas com cirrose hepática e pessoas saudáveis.
A sua equipa encontrou alguns vírus mais comuns em pessoas saudáveis do que naqueles com cirrose, um indício de que os vírus poderiam estar envolvidos na doença. São descobertas como esta que deixam os cientistas a ponderar se os vírus também poderiam influenciar doenças ilusórias, como a doença inflamatória intestinal.
Desde a identificação do papel dos vírus em doenças não virais, até a combinação de vírus com famílias específicas de bactérias para combater a resistência aos medicamentos, a Inteligência Artificial pode revolucionar a forma como navegamos na paisagem desconhecida desses minúsculos micróbios que desempenham um papel tão importante nas nossas vidas.