Teerão: “Insultos genocidas de Trump não acabarão com o Irão”

Michael Buholzer / swiss-image.ch / World Economic Forum

Mohammad Javad Zarif, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse na segunda-feira que as “provocações genocidas” do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, não “acabarão com o Irão”, enquanto as tensões entre os dois países aumentam.

“Os iranianos permaneceram de pé durante milénios, enquanto os seus agressores partiram todos. O #TerrorismoEconomico e o sarcasmo genocida não acabarão com o Irão”, escreveu o chefe da diplomacia iraniano no Twitter, citado pelo Raw Story. “Nunca ameace um iraniano. Tente o respeito – funciona!”, acrescentou.

A resposta do diplomata surgiu depois de Donald Trump ter sugerido, no domingo, que a república islâmica seria destruída se atacasse os interesses dos EUA. “Se o Irão quiser lutar, será o seu fim. Nunca mais ameacem os EUA”, indicou o Presidente norte-americano, também no Twitter.

A relação entre Washington e Teerão agravou há um ano, quando o Presidente norte-americano abandonou o acordo nuclear de 2015 com o Irão, impondo ao país duras sanções. As autoridades iranianas repetidamente classificaram essas sanções como “terrorismo económico”, afirmando que as mesmas impediram o fluxo de bens essenciais.

A tensão agravou nas últimas semanas, depois de os EUA anunciarem um reforço da sua presença militar no Médio Oriente para enfrentar presumíveis “ameaças” iranianas. Também na semana passada, o governo de Donald Trump ordenou a saída de funcionários diplomáticos não essenciais do Iraque.

Há poucos dias, os rebeldes Huthis do Iémen, apoiados pelo Irão, reivindicaram a sabotagem de quatro petroleiros num porto dos Emirados Árabes Unidos e de um ataque com ‘drones’ a um oleoduto saudita.

No domingo, um foguete foi disparado contra a Zona Verde da capital iraquiana, Bagdade, que abriga escritórios do governo e embaixadas, incluindo a missão dos EUA. Não ficou claro quem estava por trás do ataque.

De acordo com o Raw Story, a media norte-americana tem noticiado que o assessor de segurança nacional de Donald Trump, John Bolton, está a pressionar por uma guerra contra o Irão, mas outros membros da administração estão a resistir.

Na sua publicação no Twitter, Mohammad Javad Zarif afirmou que o Presidente norte-americano está a ser “instigado pela B Team”, um termo que usa para se referir a John Bolton, bem como ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e aos príncipes da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

Antes da publicação de Donald Trump, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano minimizou a perspetiva de uma nova guerra. Contudo, Teerão ameaçou retirar-se gradualmente do acordo nuclear de 2015 se os parceiros que ainda fazem – Grã-Bretanha, China, França, Alemanha e Rússia – não ajudarem a contornar as sanções dos EUA.

No sábado, a Arábia Saudita apelou a negociações regionais de emergência para discutir as crescentes tensões no Golfo. O ministro de Estado para Assuntos Exteriores, Adel al-Jubeir, disse que o país não quer entrar em guerra com o Irão, mas, caso isso aconteça, irá defender-se.

A Arábia Saudita “não quer uma guerra, não está à procura de uma guerra e fará tudo para evitar isso”, disse. “No entanto, se o outro lado escolher a guerra, o reino responderá com força e determinação para se defender a si e aos seus interesses”, acrescentou.

Trump desmente diálogo

O presidente norte-americano, Donald Trump, disse que os Estados Unidos não procuram um diálogo com o Irão, acrescentando que Teerão deverá dar o primeiro passo se quiser negociar com Washington.

“Os media fake news publicaram, como de costume, uma informação falsa, de que os Estados Unidos estão a tentar uma negociação com o Irão”, escreveu Trump na rede social Twitter, acrescentando que o Irão “ligará quando estiver pronto”.

As relações entre Washington e Teerão sofreram um novo atrito há 10 dias, após o anúncio de um fortalecimento da presença militar dos EUA no Médio Oriente para lidar com as supostas “ameaças” do Irão. Trump disse na semana passada que, após esse reforço, “o Irão logo desejará discutir”, acrescentando: “Eu gostaria que eles me ligassem“. O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, rejeitou o pedido.

As trocas de palavras tomaram um rumo mais violento durante o fim de semana, com o presidente norte-americano a dizer: “Se o Irão quiser lutar, será o fim oficial do Irão, não haverá mais ameaças contra os Estados Unidos”.

Historicamente, as más relações entre o Irão e os Estados Unidos deterioraram-se significativamente desde que Trump decidiu, em maio de 2018, denunciar unilateralmente o acordo nuclear internacional alcançado em Viena, capital austríaca, em 2015.

TP, ZAP //

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