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Inês joga no Reus, está a jogar contra o Reus e não foi emprestada pelo Reus

(arquivo pessoal)

Inês Matos

Um contexto raro para os seguidores do desporto. Mas acontece mesmo: Inês Matos fala com o ZAP sobre os jogos “estranhos”.

Inês Matos é campeã nacional universitária, participou no Top 10 Europeu de jovens, conseguiu uma medalha de bronze nos Jogos Europeus 2023 e no Europeu sub-21.

Aos 19 anos já não é uma promessa do ténis de mesa português; é uma certeza.

E é também de certeza uma protagonista de um contexto invulgar, mesmo raro no desporto: está a jogar contra a equipa pela qual também joga.

Foi esse o assunto que originou a conversa com o ZAP, na qual começou por contar como se cruzou com o ténis de mesa.

“Jogo há quase 10 anos. Tinha um professor de educação física, com quem tínhamos ténis de mesa em todas as aulas. Ele teve o desafio de criar um clube e começou esse clube comigo. Era o Atlético, hoje Boa Hora. Onde ele continua. Eu só nesta época me desapeguei completamente, vim para o Mirandela; mas o Boa Hora continua no meu coração”.

Entretanto mudou-se para o Norte, para o Centro de Alto Rendimento (Vila Nova de Gaia). O Boa Hora desceu de divisão e o seu treinador disse-lhe: “Inês, tens que continuar a jogar na primeira divisão. Nem pensei duas vezes quando o Mirandela se mostrou interessado em mim”.

Joga em Mirandela, estuda na Universidade do Porto. Uma rotina apertada, como se adivinhava: “O meu dia-a-dia não é fácil, entre calendário, jogo em Mirandela, selecção, jogo em Espanha, Ciências Farmacêuticas – nunca vou deixar os estudos – e parece que não tenho tempo para nada. Mas tenho tentado organizar-me e, até agora, deu tudo certo”.

Admite que nunca pensou mudar a “vida completa” por causa do ténis de mesa.

E também nunca pensou que iria jogar contra a sua equipa.

Equipa da Inês vs. equipa da Inês

Há poucos dias foram sorteados os jogos dos oitavos-de-final da Taça da Europa.

Um dos duelos ditou: Clube Ténis de Mesa de Mirandela vs. MIRÓ Ganxets Reus.

Inês Matos joga pelo Clube Ténis de Mesa de Mirandela.

Inês Matos joga pelo MIRÓ Ganxets Reus.

Como assim…?

A jovem explica: “Sou uma jogadora volante, o que quer dizer que posso jogar nas ligas que quiser. Mas a prioridade é sempre representar o clube português. Jogo pelo Mirandela a tempo inteiro, jogo pelo Reus quando o Reus precisa – e só na liga espanhola”.

O CTM Mirandela já tinha explicado ao ZAP que há jogadoras e jogadores que jogam em vários países, admitindo que o caso da Inês é “um pouco estranho para outras modalidades mas comum no ténis de mesa”.

Reus e Mirandela já se encontraram, no sábado passado. Na primeira “mão”, em Espanha, o Mirandela ganhou 3-1.

Como se terá sentido a jogadora dos dois clubes? “Foi meio estranho. No Reus não há treinadora principal, somos as treinadoras umas das outras. Conhecemo-nos muito bem e agora estava a jogar contra uma das minhas treinadoras. As pessoas que costumam aplaudir por mim estavam a aplaudir contra mim”.

“Foi estranho mas único. Isto que está a acontecer é mesmo improvável“, continuou Inês Matos, que nesse duelo foi a única jogadora do Mirandela que… perdeu. 2-3 contra Elvira Fiona Rad, com o jogo a ser decidido mesmo no último ponto: 5-6 no quinto parcial.

Mas o contexto não influenciou o resultado: “Tento abstrair-me. Mexe um bocadinho, mas não teve muita influência”.

Falta a segunda “mão”, marcada para esta quarta-feira em Mirandela. E não tem dúvidas: “Deseje-me boa sorte contra o Reus”.

Ah, e Inês Matos ainda pode jogar pelo Fontenay, em França: “Ainda não joguei por eles, devido ao calendário. Mas espero jogar na segunda volta”.

Entrevista completa:

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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