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“Injustiça” tectónica. A Índia está a desaparecer e a China a ganhar terreno (literalmente)

Definir exatamente onde se encontra a fronteira sempre foi um ponto crucial no conflito histórico entre as duas potências nucleares. Placas terrestres dão vantagem a Pequim.

Há décadas que o conflito entre a China e a Índia gira em torno da mesma questão: ‘onde começa o nosso país e onde termina o vosso?’

Nesta disputa, que já resultou em confrontos armados entre as duas potências nucleares, um vídeo específico tem gerado grande alvoroço.

O vídeo mostra como a Índia, de forma incessante e implacável, tem vindo a perder terras para o país vizinho. A culpa? É da natureza, neste caso, das placas tectónicas.

O que é a tectónica de placas?

A crosta terrestre assemelha-se a um quebra-cabeças composto por várias peças: duas enormes placas oceânicas e diversas placas crustais continentais mais pequenas, cujo número exato ainda não se conseguiu determinar.

Estes diferentes fragmentos “flutuam” sobre o interior líquido do planeta, e o magma que escapa do núcleo terrestre através de algumas fissuras faz com que se desloquem alguns centímetros a cada ano, afastando-se, friccionando-se ou sobrepondo-se. Esse movimento, conhecido como tectónica de placas, ocorre há milhares de milhões de anos e, portanto, é perfeitamente normal.

O que há de especial na Placa Indiana?

Há 50 milhões de anos, a Placa Indiana colidiu a uma velocidade de 20 centímetros por ano com a Placa Eurasiática, na qual se encontra, também, a China.

Cientistas do Centro Alemão de Pesquisa Geológica (GFZ) de Potsdam chegaram até a apelidar a Índia de “o continente mais rápido na corrida das placas tectónicas”.

Mas essa velocidade tem um preço: para além de terem criado a cordilheira mais alta do mundo, os Himalaias, a pressão e fricção constantes entre as placas indiana e eurasiática também provocam violentos terramotos na região.

Mas pior ainda é a perda contínua de território: ao longo de milhões de anos, a Índia já se deslocou 2 mil quilómetros para o interior da Ásia, e a Placa Indiana continua a penetrar na Placa Eurasiática e, assim, na China.

A Índia tem os dias contados?

“Se a Índia continuar a deslizar para baixo da Placa Eurasiática, a certo ponto desaparecerá“, confirma a geofísica Sabrina Metzger.

Mas a velocidade do impacto, que era muito maior há milhões de anos, tende a diminuir: “Como costuma acontecer com as colisões, a certo ponto, param.”

Assim, as placas tectónicas em si não são motivo de pânico. No entanto, a Índia poderá perder grandes extensões de território por um motivo bem diferente: a elevação gradual do nível do mar. Essa, sim, é uma razão de preocupação.

ZAP // DW

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