A escassez de órgãos disponíveis para transplante é, desde há muito, uma questão preocupante a nível mundial, com milhares de pessoas a definharem em listas de espera, na esperança de receberem um órgão que lhes salve a vida.
Só nos Estados Unidos, a procura de órgãos excede largamente a oferta disponível, levando a consequências para aqueles que aguardam um transplante.
No entanto, um avanço revolucionário na engenharia de tecidos, realizado por investigadores da Universidade Carnegie Mellon, pode vir a revolucionar o transplante de órgãos e aliviar a escassez crítica de órgãos de dadores.
Apresentado na 68.ª Reunião Anual da Sociedade de Biofísica em Filadélfia, Pensilvânia, esta nova técnica emprega a impressão 3D em gelo para criar redes complexas de vasos sanguíneos essenciais para o desenvolvimento de órgãos.
Ao contrário dos métodos tradicionais de impressão 3D, que muitas vezes resultam em estruturas em camadas, a técnica de impressão 3D em gelo mantém uma fase líquida no topo da superfície de impressão, garantindo uma estrutura suave e contínua.
Ao incorporar água pesada no processo para aumentar o ponto de congelação, os investigadores conseguem uma precisão e um realismo excecionais nos modelos de vasos sanguíneos impressos.
Estes modelos de gelo, quando incorporados num material de gelatina e expostos à luz UV, formam a base para canais de vasos sanguíneos realistas. As células endoteliais introduzidas nestes vasos sanguíneos fabricados revelaram taxas de sobrevivência promissoras até duas semanas, indicando o potencial para uma cultura celular alargada e para o desenvolvimento de órgãos.
As implicações desta descoberta vão muito para além da resolução da crise imediata dos transplantes de órgãos, escreve a Interesting Engineering. Estes vasos sanguíneos impressos em 3D são promissores como ferramentas valiosas para testes de medicamentos, permitindo aos investigadores estudar os efeitos dos medicamentos nos vasos sanguíneos num ambiente controlado.
Além disso, a medicina personalizada poderia beneficiar destes vasos artificiais, revestindo-os com as células do próprio doente, permitindo uma abordagem personalizada para a avaliação do tratamento medicamentoso antes da administração clínica.