Um espetáculo meteorológico invulgar surpreendeu ao fim da tarde deste domingo os banhistas que aproveitavam o intenso calor que se fazia sentir para passar a tarde junto ao mar: uma nuvem rolo que visitou diversas praias do norte do país.
Uma imponente nuvem rolo, com aparência de onda gigante, formou-se ao fim da tarde em várias praias da costa nacional, provocando ventos fortes e obrigando muitos veraneantes a abandonar precipitadamente o areal.
O fenómeno foi avistado em diferentes pontos do litoral, incluindo as praias da Figueira da Foz, Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Ovar.
Uma banhista, que se encontrava na praia da Torreira, em Aveiro, contou ao ZAP que “aquilo ao fundo ao início parecia uma onda enorme, mas de repente ficou tudo escuro, muito vento de repente, parecia uma tempestade de areia, toda a gente a apanhar com areia nos olhos”.
“O que estava a assustar mais era o vento, e estar tudo escuro. Foi muito estranho. Começámos todos a arrumar as coisas e a correr. Parecia um tsunami. Eu só pensava ‘se o mar começar a recuar é mesmo um tsunami, temos que sair daqui já‘, porque é um dos indícios de que há um tsunami”, diz a testemunha.
“Foi muito assustador. Estava imenso calor, foi do nada, e de repente ficou assim. O primeiro fenómeno durou uns 3 minutos, e repetiu-se uns 5 minutos depois. No fim, o tempo ficou muito estranho”, detalha a banhista.
Inúmeras imagens captadas pelos banhistas foram divulgadas nas redes sociais, nomeadamente na página “Meteo Trás-os-Montes” no Facebook, que publicou vídeos do fenómeno nas diferentes praias em que a nuvem rolo marcou presença.
Os vídeos divulgados mostram claramente o impacto do fenómeno: chapéus, toldos, toalhas e árvores a abanarem violentamente com as rajadas de vento, enquanto alguns banhistas fugiam e outros, mais curiosos, registavam o momento excecional.
Em declarações ao jornal O Minho, a meteorologista Paula Leitão, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), classificou o acontecimento como “extremamente raro” em território nacional.
“Esta nuvem que se formou raramente se forma, não é comum. É uma situação que está descrita que acontece, mas raramente se assiste, muito menos em Portugal“, explicou a meteorologista.
A nuvem Stratocumulus volutus, denominação científica do fenómeno, apresenta uma forma tubular alongada que se move horizontalmente, como se estivesse a “rolar” sobre o oceano. Forma-se através da interação entre ar relativamente frio que desce do interior da nuvem com ar mais aquecido no ambiente circundante.
Embora não seja necessariamente perigosa, a nuvem rolo indica mudanças bruscas de temperatura, frequentemente associadas à chegada de frentes frias ou à aproximação de tempestades.
Os exemplos mais famosos ocorrem no norte da Austrália, onde as nuvens rolo aparecem regularmente entre setembro e novembro. Também podem ser observadas ocasionalmente em outras regiões costeiras ao redor do mundo, especialmente onde há encontro entre massas de ar marítimo e continental.