Bispo de Leiria-Fátima afirmou que a Igreja não pode ter uma “atitude de contemplação” e disse mão ter conhecimentos de casos do género no passado.
À semelhança do que aconteceu em França, também a Igreja Católica portuguesa pode vir a ser investigada, tendo em vista a localização de possíveis casos de pedofilia praticados por membros da instituição. A hipótese foi deixada no ar pelo bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, quando confrontado pelos jornalistas a propósito deste tema na conferência de imprensa que antecedeu a peregrinação internacional que termina esta quarta-feira.
Sem se manifestar diretamente a favor ou contra a investigação, D. António Marto afirmou que “todas as ações que tiverem de ser feitas, devem ser feitas“. “Não podemos ter uma atitude de contemplação“, acrescentou para logo depois afirmar que caso essa atitude tenha acontecido no passado na Igreja Portuguesa tal não é do seu conhecimento.
“Quando chega uma denúncia, acolhe-se e deve ser imediatamente comunicada às autoridades judiciais: ao Ministério Público e à Polícia Judiciária, que têm meios, recursos de várias ordem para investigar e chegar ao apuramento da verdade muito melhor e mais rapidamente do que nós. Depois é preciso que as pessoas que se sentem vítimas, seja no presente ou no passado, façam ouvir a sua voz. Podem fazê-la na sua diocese, mas também noutra qualquer. Porque assim e se vai apurando a verdade“.
As declarações de D. António Marto surgiram poucas horas depois de a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) também ter admitido a constituição de “grupo a nível nacional a partir das comissões diocesanas” tendo em vista a monitorização de situações de abusos sexuais a menores no seio da Igreja.
A noite de ontem, quando se realizou a tradicional procissão das velas, ficou marcada pela primeira grande enchente do santuário desde que a pandemia teve início. Segundo adiantou Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário, ao Diário de Notícias, este ano o recinto já foi visitado por um milhão e 300 mil peregrinos, mais 200 mil do que no mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, estes números ficam muito abaixo dos seis milhões registados em 2019. “Aprendemos muito. Tivemos que nos reinventar na forma de chegar aos peregrinos”, disse.