Icebergue 30 vezes maior do que Lisboa é um perigo à solta

British Antarctic Survey

A76a é o maior icebergue à solta no planeta.

Cientistas britânicos estão a monitorizar dois dos maiores icebergues do mundo, à medida que eles se aproximam de áreas onde podem afetar a navegação, a pesca e a vida selvagem.

Estes blocos congelados, do tamanho de cidades, que se separaram da Antártida podem levar décadas para derreter.

Um grupo de investigadores fotografou um deles, chamado A81. Outra equipa à volta do A76a, que é cerca de 33 vezes maior do que a cidade de Lisboa. Este é um gigante de sensivelmente 3.375 km² e tem um formato longo e fino.

De acordo com o Daily Mail, o icebergue tem 135 quilómetros de comprimento e 25 quilómetros de largura. Alguns compararam a sua aparência a uma tábua de passar a ferro gigante.

O professor Geraint Tarling estava a bordo do Royal Research Ship Discovery e aproveitou a oportunidade para inspecionar o icebergue à deriva, flutuando do mar de Weddell, na Antártida, para o Atlântico Sul.

“Estava diretamente no nosso caminho quando voltávamos para casa, por isso precisámos de 24 horas para contorná-lo”, disse o oceanógrafo biológico à BBC News.

“Chegamos bem perto em alguns pontos e tivemos uma visão muito boa dele. Recolhemos água à volta do icebergue usando canos especiais não contaminados, por isso temos muitas amostras para estudar”.

O cientista do British Antarctic Survey disse que os enormes icebergues tabulares tiveram uma influência considerável no seu ambiente — tanto perturbador quanto produtivo.

À medida que derretem, esses icebergues despejam volumes gigantescos de água doce no mar, o que pode dificultar o funcionamento de alguns organismos.

Por outro lado, o derretimento também liberta a poeira mineral que foi incorporada ao gelo quando fazia parte de uma calote polar em contacto com o leito rochoso da Antártida. Essa poeira é uma fonte de nutrientes que estimulam a vida em mar aberto.

O A76a surgiu bem ao sul da sua posição atual, na plataforma de gelo Filchner-Ronne, em maio de 2021. Agora, está a seguir para norte, levado por correntes e ventos em direção à lacuna entre os territórios ultramarinos britânicos das Malvinas e da Geórgia do Sul.

Há certa preocupação de que possa virar para o leste em direção à Geórgia do Sul e fique preso nas águas rasas da sua plataforma continental —ou possivelmente numa série de ilhotas próximas conhecidas como Shag Rocks.

Em qualquer local, seria uma complicação para a vida selvagem e para a população local.

“Se ele ficar encalhado, a nossa maior preocupação é a rutura e o impacto dos icebergues nos movimentos das embarcações na região”, explicou Mark Belchier, diretor de pesca e meio ambiente do governo da Geórgia do Sul e das Ilhas Sandwich.

O A81 separou-se da plataforma de gelo Brunt no final de janeiro. Esperava-se que se desprendesse há vários anos, mas de alguma forma conseguiu agarrar-se ao continente pelos mais finos fios de gelo, desafiando as previsões dos cientistas. O destino final é seguir o a A76a pelas rotas marítimas do Atlântico Sul.

ZAP // BBC Brasil

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