A Inteligência Artificial tem mais de 70 anos e ainda não tirou a carta em condições. O que é que se passa? Provavelmente, nem sequer tem a “quarta classe”.
Muito cuidado ao dar um carro para as mãos da IA. Parece que faltou à primária. Não sabe matemática básica.
Um estudo publicado na semana passada na Anthropic concluiu que os chatbots de IA não são muito bons a fazer contas básicas e mentem frequentemente sobre o seu próprio raciocínio (tal como muitos humanos).
E qualquer um de nós pode pode pôr isso à prova, facilmente. Se escrevermos “57+92” no ChatGPT. Ele responde “57+92=149”. O que está correto.
Mas quando lhe perguntamos “Como é que chegou a essa resposta?”, o chatbot responde: “Adicionei as unidades e depois as dezenas e combinei os resultados”.
Mas, como alerta a New Atlas, o ChatGPT está a mentir.
Não é dessa forma que a IA chega à resposta. A IA é um computador e, como qualquer calculadora avançada, junta os 1’s e os 0’s e depois dá um total.
É assim: 111001 (57) + 1011100 (92) = 10010101 (149)
A IA é um computador e ainda é assim que faz contas.
“Apanhei o ChatGPT nesta mentira quando lhe perguntei como é que ele faz realmente as contas. O ChatGPT deu-me uma breve explicação de números para binário para resultado”, escreve Aaron Turpen da New Atlas.
A IA também não provou ser muito boa a tomar decisões rápidas com poucos dados. Não é intuitiva. Já nós tomamos decisões intuitivamente com bastante frequência. Muitas vezes sem grande reflexão consciente.
IA ao volante, perigo constante
As coisas estão a mudar vertiginosamente, mas não o suficiente para fazer com que a IA tenha as mesmas valências do que o condutor humano médio.
Enquanto conduzimos, tomamos várias decisões por minuto que podem afetar não só a nossa vida, mas também a vida das pessoas que nos rodeiam. Sabemos que mesmo alguns milissegundos de desatenção podem causar danos irreversíveis.
Agora pense no que acontece sempre que a IA justifica por si própria uma má resposta ou não consegue tomar uma decisão com a rapidez necessária. Em muito casos deixa se ser relevante saber quem é o culpado; e a IA não entende isso.
Os veículos atuais têm dezenas de sensores, centenas de metros de cabos, três ou mais computadores de bordo, Wi-Fi, GPS e muitas outras tecnologias… no entanto, nenhuma delas pode conduzir o carro sozinha. Para já, ainda é melhor serem os humanos a potenciar este conjunto de ferramentas.
Nós temos uma vantagem distinta sobre a IA: nascemos com sistemas sensoriais de topo que funcionam em formatos multimodais – como sublinha a New Atlas, “com muitos milénios de evolução que nos tornaram muito bons a utilizá-los”.
Nós somos excelentes a calcular e a reagir em conformidade. A IA, para já, não.
À medida que a tecnologia avança, a IA pode vir a revelar-se um condutor superior, capaz de lidar com vários inputs em simultâneo, mas nunca será como nós.