Sol de pouca dura. Humanos voltam a ser suspeitos na extinção dos mamutes-lanosos

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Um novo estudo mostra que os humanos tiveram um papel significativo na extinção dos mamutes-lanosos na Eurásia, que ocorreu milhares de anos depois do que se pensava.

Cá está mais uma prova de que a ciência de vez em quando gosta de nos trocar as voltas. Há cerca de um mês, um estudo publicado na revista científica Nature indicou que, afinal, a extinção dos mamutes-lanosos não foi culpa dos humanos.

E eis que, na semana passada, um novo estudo veio mostrar exatamente o contrário. Em que ficamos?

“A nossa pesquisa mostra que os humanos foram um motor crucial e crónico do declínio populacional dos mamutes-lanosos, tendo tido um papel essencial no timing e na localização da sua extinção”, disse, em comunicado, Damien Fordham, professor associado do Instituto Ambiental da Universidade de Adelaide, na Austrália.

Esta equipa de cientistas recorreu a modelos de computador, fósseis e ADN antigo na sua pesquisa, tendo percebido que os humanos apressaram a extinção destes animais em até quatro mil anos em algumas regiões.

“Sabemos que os humanos exploraram os mamutes-lanosos para obter carne, pele, ossos e marfim. No entanto, até agora tem sido difícil separar os papéis exatos que o aquecimento do clima e a caça humana tiveram na sua extinção”, disse Fordham.

O estudo mostrou que os mamutes-lanosos provavelmente sobreviveram no Ártico durante milhares de anos a mais do que se pensava, mas em pequenas áreas com condições climáticas adequadas e baixa densidade populacional.

“A nossa descoberta na Eurásia confirma de forma independente as evidências de ADN ambiental publicadas recentemente que mostram que os mamutes-lanosos andavam pela Sibéria há cinco mil anos”, disse também Jeremey Austin, professor associado do Centro de ADN Antigo da mesma universidade.

“As nossas análises fortalecem e resolvem melhor o caso do impacto humano como motor do declínio populacional e colapsos de alcance da megafauna na Eurásia durante o final do Pleistoceno”, explicou, na mesma nota, David Nogues-Bravo, professor associado da Universidade de Copenhaga que também participou no estudo.

“E também refuta a teoria prevalecente de que as alterações climáticas por si só dizimaram as populações de mamutes-lanosos e que os humanos se limitavam a ser caçadores que davam o golpe de misericórdia”.

O estudo foi publicado, a 5 de novembro, na revista científica Ecology Letters.

ZAP //

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