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Há 50 mil anos, humanos e Neandertais travaram relações no deserto do Negev

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Uma recente descoberta no deserto do Negev, no centro de Israel, revelou detalhes importantes sobre o desenvolvimento da cultura humana na região, de acordo com um novo estudo publicado na revista PNAS.

Por toda a Ásia, Europa e Médio Oriente, a cultura humana moderna substituiu a cultura Neandertal durante a transição do Paleolítico Médio para o Paleolítico Superior. Essa transição foi marcada por importantes inovações tecnológicas e ocorreu entre 50.000 e 40.000 anos atrás.

Contudo, uma equipa de arqueólogos do Instituto de Ciência Weizmann estava interessada em aprender mais sobre esta transição, uma vez que ocorreu no Levante, uma área que atualmente inclui Israel, Palestina, Síria, Líbano, Jordânia e grande parte da Turquia.

A equipa foi liderada por Elisabetta Boaretto, uma especialista em datação arqueológica do Instituto Weizmann e por Omry Barzilai, da Autoridade de Antiguidades de Israel. O estudo foi publicado na revista PNAS.

Os testes de datação por radiocarbono indicam que os humanos chegaram pela primeira vez a Boker Tachtit há cerca de 47.000 anos, e que demorou mais de 10.000 anos para que a tecnologia e a cultura do Paleolítico Superior se desenvolvessem totalmente no local.

Céticos em relação a essa descoberta, Boaretto e a sua equipa aplicaram as mais recentes técnicas de datação por radiocarbono a amostras de carvão vegetal retiradas de Boker Tachtit entre 2013 e 2015.

A equipa também usou uma tecnologia de datação sofisticada e altamente precisa conhecida como luminescência oticamente estimulada (OSL), que ajudou os especialistas a calcular quando é que os grãos finos de areia de quartzo foram depositados no local.

Usando estas técnicas ​​de datação, os investigadores descobriram que os humanos modernos começaram a viver em Boker Tachtit há 50.000 anos, ou três mil anos antes do que se acreditava.

Isso aconteceu apenas 10.000 anos após o início da migração do Homo sapiens para fora da África. Os investigadores também confirmaram que a transição da cultura do Paleolítico Médio para o Paleolítico Superior demorou cerca de 6.000 anos para ficar concluída.

A equipa percebeu ainda que a transição em Boker Tachtit poderia ser dividida em duas fases distintas: uma fase inicial do Paleolítico Superior e uma fase posterior do Paleolítico Superior.

Curiosamente, refere o Ancient Origins, a fase posterior do Paleolítico Superior coincidiu com a fase inicial do Paleolítico Superior na região da floresta mediterrânea do Levante.

Esta descoberta mostrou como os humanos modernos foram gradualmente substituindo os Neandertais enquanto estes continuavam a sua marcha para o norte e para o leste nas profundezas da Europa e da Ásia.

Uma das consequências mais notáveis ​​do estudo foi a verificação de que os humanos modernos e Neandertais estavam presentes no deserto central do Negev ao mesmo tempo.

“Isso mostra que os Neandertais e o Homo sapiens coexistiram no Negev e provavelmente interagiram entre si, resultando não apenas no cruzamento genético, como postulado pela teoria da ‘origem africana recente’, mas também no intercâmbio cultural”, referiram os investigadores num comunicado.

Isto significa que alguns grupos de Neandertais podem ter tido relações amigáveis com os recém-chegados e que podem ter negociado com eles, ou cooperado, para benefício mútuo.

As práticas de cruzamento podem ter adicionado um elemento voluntário à eventual extinção dos Neandertais, uma vez que os genomas europeu e asiático contêm cerca de 2% de ADN de Neandertal, mostrando que ocorreu alguma fusão entre as duas culturas.

Ana Isabel Moura, ZAP //

2 Comments

  1. Sim deve ter sido muito amigável, não só travaram mas também transaram.
    Possívelmente e por causa desta mistura, a humanidade tornou-se na peste na Terra que é agora

  2. Discordo da discriminação entre humanos e neandertais. Estes eram humanos (Homo Sapiens de Neandertal), de uma espécie diferente, mas humanos.

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