Os especialistas alertam para os riscos da entrega da rede 5G nacional à Huawei, mas a China avisa para possíveis consequências negativas nas suas relações com Portugal.
A deliberação do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, que considera que permitir que a Huawei esteja envolvida no projeto da rede 5G em Portugal seria um “alto risco”, continua a dar que falar.
O secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) já reagiu com um alerta contra o “efeito negativo nos demais investidores, consequências no desenvolvimento de Portugal e nas excelentes relações entre Portugal e a República Popular da China”.
Bernardo Mendia considera que o bloqueio à Huawei é uma “restrição artificial da concorrência com base em discriminação“. “No mínimo, esta intenção deveria estar a ser negociada com os diferentes stakeholders afetados, essa é uma exigência e princípio da mais elementar justiça”, defende ao ECO.
A deliberação considera que é de “alto risco” trabalhar com qualquer empresa oriunda de um país que não integre a União Europeia, a NATO ou a OCDE. “O simples facto de estarmos a falar sobre este assunto é já suficientemente negativo para a credibilidade de Portugal nos mercados internacionais e junto dos investidores estrangeiros”, refere Mendia.
A CCILC sugere antes a “auscultação imediata dos vários stakeholders afetados e a consequente não imposição de restrições à atividade da Huawei de forma indiscriminada, tecnicamente injustificada e contra o interesse nacional”.
A Huawei adianta que “não teve conhecimento prévio” da sua exclusão das redes 5G em Portugal e admite processar o Estado por esta decisão. A China estará também a estudar retaliar contra Portugal, incluindo usar a sua influência em empresas como a EDP ou a REN para pressionar o Governo.
“Permite roubar propriedade intelectual”
Do outro lado da moeda, há quem não esteja convencido com os argumentos da Huawei.
“Esta tecnologia abre muitos alçapões que podem permitir a empresas com ligações estatais, como é o caso das empresas chinesas, de acederem e roubarem informação e propriedade intelectual. Isto é ainda mais grave se considerarmos que algumas destas empresas, como a Huawei e a ZTE, têm ligações à indústria militar chinesa”, alerta o diretor do Laboratório de Privacidade e Segurança em Sistemas Informáticos (LAPI2S), Nuno Mateus-Coelho, à CNN Portugal.
A tecnologia 5G dá um grande salto na capacidade de transferir informação. Por exemplo, todos os seus eletrodomésticos estarão ligados à mesma rede. Um ataque informático a um destes dispositivos pode levar a que o pirata exija um resgate para que uma pessoa possa voltar a ter acesso aos seus próprios eletrodomésticos.
Durante a administração Trump, o governo dos EUA publicou uma lista de 20 empresas que alega estarem sob a alçada de Pequim, onde se inclui a Huawei. A lei chinesa também obriga as empresas a entregar informação do Estado sempre que esta for requisitada, o que aumenta ainda mais as preocupações com a privacidade.
“Estamos em guerra. Quando existe guerra, existe espionagem. Estes equipamentos têm a possibilidade de criar alçapões de toda a espécie que podem servir para espiar os cidadãos europeus, obter dados sensíveis que comprometam a segurança das pessoas e de empresas”, explica Elsa Veloso, advogada especialista em proteção de dados.
Os principais operadores de telecomunicações parecem também ter antecipado um bloqueio à Huawei e optaram por parceiros ocidentais. A Vodafone aliou-se à sueca Ericsson e à americana Mavenir enquanto que a NOS escolheu também a Ericsson e a finlandesa Nokia.
A grande vantagem da Huawei face à competição é o preço. Devido à capacidade de produzir um número consideravelmente superior, a empresa chinesa tem preços muito competitivos, mas os especialistas consideram que o risco de segurança não compensa a poupança monetária.
“A tendência é para acentuar as restrições. Há uma nova Guerra Fria entre os EUA e a China. Estas decisões são difíceis de tomar, mas esta vai ser a tendência. A característica tecnológica desta Guerra Fria está relacionada com temas muito sensíveis e as suas consequências ainda são muito difíceis de prever, mas que podem colocar em causa o nosso modo de vida no ocidente”, conclui a especialista.
Acho muito bem que se dê preferência a tecnologia de empresas europeias. Essas empresas têm maior probabilidade de empregar engenheiros portugueses. Além disso pagam mais impostos na UE, e é a UE que nos dá subsídios, não é a China. E não estou a ironizar.
completamente de acordo. devemos evitar ao máximo ficarmos dependentes da China (e, já agora, também dos EUA, dos árabes e de Moscovo), seja no que for.
Faço suas as minhas palavras.
Muito bem. A seguir falta aos políticos europeus coragem para sensibilizar os seus cidadãos a não continuarem a comprar produtos chneses pois estão assim, directamente sublinhe-se,- a financiar o crescente poderio do aparelho militar chinês.
A médio prazo, para nossa desgraça, esses incompetentes politicos arrepender-se-ão de não o ter feito. a par de não terem protegido convenientemente as industrias nacionais e europeias!
Se calhar muitos teem agido deste modo em prol da ditadura fascito:comunista China tal como a ex-eurodeputada grega agiu em prol do Qatar!
Não quero defender a China ou quem quer que seja a Europa deve estar bem unida ter uma só voz, mas muita gente se esquece ,é que nós compramos á China mas a China também compra á Europa ,temos que ver quem compra mais a quem ,devia ser a Europa a vender mais a exportar mais e importar menos….