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Polémica em Aveiro (e entre os irmãos Souto): o hotel, a “piadola” e a “parolice de betão”

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albertosouto.pt

Aveiro

Um hotel de 12 andares no Cais do Paraíso está a originar desavenças na cidade. Se for eleito, Luís Souto vai revogar o plano do irmão.

A sala encheu-se na Assembleia Municipal de Aveiro, há duas semanas: foi discutido o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso. Discutido e aprovado.

PSD e CDS votaram a favor e, assim, vai avançar o plano – e vai avançar um hotel de 12 andares (44 metros). Um hotel nas margens dos canais de Aveiro, que tem muitas vozes contra e que originou uma petição pública com mais de 800 subscritores.

Nesse documento, alega-se que o hotel “compromete a paisagem urbana e o equilíbrio morfológico e visual” de Aveiro, contraria pareceres técnicos, dá prioridade à viabilidade económico-financeira dos promotores e não ao interesse público, “não respeita princípios fundamentais de urbanismo participativo e transparente” e ainda pode ser um risco de expropriação injusta de proprietários locais.

Outro foco das críticas é o momento da aprovação do plano: a pouco mais de um mês das eleições autárquicas. Sobretudo porque o actual presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Ribau Esteves, vai sair; é um dos (muitos) presidentes que atingiram o limite de mandatos.

Porque não adiaram?

Ribau Esteves disse, na própria Assembleia, que Aveiro tem a “necessidade dramática” de ter novos hotéis.

Luís Souto, presidente da Assembleia Municipal e candidato à sucessão de Ribau Esteves, justificou na RTP: “O mandato não foi para 3 anos e 2 meses. Foi um mandato na plenitude, até ao fim. Por isso, é lícito ao presidente da Câmara continuar a governar”.

Eu não tenho vertigens, não tenho problemas” sobre o hotel ter 12 andares, continuou o candidato da coligação PSD/CDS-PP/PPM.

“Parolice”

O outro maior candidato à presidência da Câmara Municipal de Aveiro é Alberto Souto, irmão do rival Luís Souto: “É uma aberração urbanística”, referiu no mesmo debate – já depois de ter dito que o plano é “monstrengo” e uma “parolice de betão”.

O candidato do PS considera que o problema não é altura do hotel; é o local onde se prevê que seja construído, mesmo às portas de Aveiro e com vista privilegiada para o centro da cidade.

Voltando a Luís Souto, o candidato da coligação de direita quer que Aveiro deixe de ser uma cidade provinciana: “Admito que possa haver gostos diferentes” – e repete “Nós não temos vertigens. Há pessoas que têm muita vertigem e não gostam de ver prédios altos”, dando foco à qualidade da arquitectura do edifício.

O irmão Luís Souto reage, também na TSF: “Acho que isso é uma piadola de mau gosto. Não tenho nada contra os prédios em altura. É totalmente desadequado para aquele local, é uma aberração urbanística que devia ser evitada”.

Se for eleito, o candidato do PS vai revogar o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

3 Comments

    • Caro leitor,
      Obrigado pelo seu reparo.
      Durante muito tempo usámos no ZAP a norma de que sempre que “porque” pudesse ter à frente “motivo” ou “razão”, deveria ser “por que”.
      Recentemente, foi-nos dado a conhecer que essa norma caiu em desuso, pelo que deixámos de a aplicar obrigatoriamente.

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