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Hospitais estão a boicotar cirurgias a doentes

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ABr

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Vários hospitais do Norte e do Centro do país com atrasos injustificados nas cirurgias estão a vedar a possibilidade dos pacientes serem operados noutros estabelecimentos hospitalares.

De acordo com o Jornal de Notícias, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), que integra os hospitais de Penafiel e de Amarante, não só está a adiar as cirurgias a mais de 500 doentes que não consegue operar dentro dos prazos regulamentados, como lhes está a bloquear a possibilidade de serem operados noutras instituições, como está previsto no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC).

Os casos estão classificados como “pendentes”, de forma a evitar que os tempos máximos de espera sejam ultrapassados, para impedir que recebam o chamado vale-cirurgia, com o qual poderiam fazer a intervenção em atraso noutros hospitais.

Ao catalogar o processo clínico do doente como pendente, a cirurgia não é agendada, pelo que “o prazo deixa de contar e o vale cirúrgico será evitado, tal como a falta de produtividade é mascarada”. Outra prática no CHTS é o doente não ser inscrito depois de ir à consulta para não se iniciar a contagem de tempo.

O JN reporta que Ortopedia e Otorrinolaringologia são as especialidades com mais doentes por operar no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, onde cerca de 13 mil doentes estão em lista de espera para a primeira consulta, quatro mil aguardam cirurgia e mais de 500 têm os processos pendentes.

Já no ano passado, o JN tinha noticiado que o Centro Hospitalar do Baixo Vouga estava a marcar cirurgias e a adiá-las e reagendá-las consecutivamente para contornar os prazos máximos impostos pela lei, impedindo que os doentes dos hospitais de Aveiro, Águeda e Estarreja recebessem os vales-cirurgia para serem operados noutro hospital.

As irregularidades viriam a ser confirmadas pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) depois da denúncia.

De acordo com o jornal, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recebeu 331 reclamações por atrasos em cirurgias em 2015 e nos primeiros meses de 2016.

Em resposta ao JN, fonte oficial do Ministério da Saúde disse que “irá providenciar auditorias internas transversais relativas ao tema da gestão de tempos de execução do programa de vales-cirurgia”.

ZAP

2 Comments

  1. Uma autêntica vergonha num caso que deveria ter toda a atenção das autoridades competentes e ser levedo até ás ultimas consequências. Será que não faleceram já pessoas devido e este “esquema”??
    A implementação no SNS das medidas ultra-liberais do governo do Coelho e do irrevogável levaram a isto; um acto criminoso.

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