A advogada do homicida do ator Bruno Candé recorreu da condenação, que qualificou o crime como motivado por ódio racial, e da indemnização de “montante excessivo” à família.
Evaristo Marinho, o homem acusado de ter matado o ator Bruno Candé, foi condenado, no final de junho, a 22 anos e nove meses de prisão. Agora, conta o jornal Público, o homicida vai recorrer da sentença que qualificou o crime como motivado por ódio racial.
No recurso, a que o diário teve acesso, a advogada Alexandra Bordalo Gonçalves defende que o seu cliente “não matou Bruno Candé pela sua etnia” e que “inexiste a arquitetura mental em que radicam os crimes de ódio”.
“O mero preconceito ou uso de expressões acintosas e ofensivas ainda que aludindo à cor da vítima, no âmbito de discussão, não preenche o núcleo, nem tem a necessária consistência para o preenchimento do crime de ódio“, cita o jornal.
Bordalo Gonçalves, que também é presidente do conselho de deontologia da Ordem dos Advogados, aludiu ainda à “pressão mediática para que o motivo fosse racial” e afirmou que “o motivo do crime, como resulta da prova, foi a discussão” entre os dois.
Além do cumprimento da pena, o Tribunal de Loures determinou o pagamento de uma indemnização de 120 mil euros aos filhos do ator. Segundo o Público, a advogada também pediu recurso por causa desta quantia, considerando que é um “montante excessivo” e acusando o tribunal de não ter valorado o facto de Candé ter trabalhado como ator, “de forma pouco regular”, e de “auferir rendimentos reduzidos”.