Primeira greve dos argumentistas da capital mundial do cinema, nos últimos 16 anos. Não houve acordo com os produtores.
Os argumentistas de Hollywood iniciam esta terça-feira uma greve que pode paralisar a indústria.
O sindicato Writers Guild of America (Argumentistas da América) falhou um acordo remuneratório com os produtores de cinema e televisão dos Estados Unidos da América.
O sindicato exige cerca de 600 milhões de dólares (546,2 milhões de euros) em aumentos salariais e outros benefícios.
Entre esses outros benefícios está a questão da compensação financeira: os trabalhadores querem que cada membro da equipa receba algo, sempre que o produto volta a ser transmitido na televisão – uma compensação que, alegam, tem baixado devido às plataformas de streaming.
As negociações com vista a aumentos salariais foram feitas – ou tentadas – com grandes estúdios de produção, como Walt Disney e Netflix.
“As respostas dos estúdios às nossas propostas foram totalmente insuficientes, dada a crise existencial que os escritores estão a enfrentar“, lê-se em comunicado do sindicato.
A associação que representa os estúdios assegura que ofereceu “aumentos generosos” durante as negociações, mas “exigiam que a empresa contratasse um certo número de argumentistas para um programa por um período de tempo especificado, sejam esses argumentistas necessários ou não“.
A inteligência artificial também causa divergência: o sindicato quer que os estúdios assegurem que não os argumentistas revejam rascunhos criados por IA.
Esta paralisação pode interromper imediatamente a gravação de programas de televisão. Os famosos talk-shows Jimmy Kimmel Live e The Tonight Show with Jimmy Fallon devem transmitir repetições já a partir desta semana.
Os cinemas e a exibição de séries, pelo menos para já, não devem ser afectados porque os filmes e os episódios já foram gravados e editados há algum tempo.
A Netflix já garantiu que, se a greve se prolongar, vai renovar o seu catálogo com séries e filmes de outros países.
A greve do sindicato já tinha sido aprovada em Abril e avançou mesmo, já que as negociações com os estúdios falharam. Mais de 11 mil trabalhadores estão ligados a este sindicado.
A última greve que o sindicato fez foi em 2007 e durou mais de três meses. Originou um prejuízo de 2,1 mil milhões de dólares (1,91 mil milhões de euros) para a indústria audiovisual norte-americana. Foram despedidas 37 mil pessoas.