Novo investidor no clube alemão prometia colocar o Hertha Berlim no topo do futebol. Três anos depois, o clube está praticamente falido.
É um novo episódio no futebol de promessas e sonhos que, depois, se transformam em pesadelo.
Estávamos em Junho de 2019: Lars Windhorst aparece em Berlim como novo investidor do Hertha.
O empresário bilionário – que sobreviveu a um acidente de avião em 2007 – começou com uma percentagem menor nas acções, foi subindo a sua participação nos meses seguintes até mais de metade e deixou a garantia: “O Hertha Berlim vai ser um clube de primeiro nível na Alemanha e na Europa“.
A primeira grande medida foi contratar Jürgen Klinsmann. O antigo goleador integrou, primeiro, o Conselho Admnistrativo, e pouco depois passou a ser o treinador principal.
Isto em Novembro de 2019. Dois meses depois, janela de transferências: o Hertha foi o clube que gastou mais dinheiro em reforços. Em todo o planeta. Quase 80 milhões de euros só em Janeiro de 2020.
Chegaram Matheus Cunha, Santiago Ascacíbar e o promissor goleador Krzysztof Piatek. E também foi contratado Lucas Tousart, que só chegaria no Verão desse ano (e é o único que ainda está em Berlim).
No mês seguinte, Fevereiro de 2020, Jürgen Klinsmann foi embora. Não tinha mais interesse em continuar no cargo – que ocupou durante…dois meses e meio. Pensou que iria controlar mais do que controlava.
O investidor Lars Windhorst classificou este comportamento como “birrento e inaceitável” e partiu para a procura de treinador. E outro. E outro. Seis treinadores em pouco mais de dois anos: Alexander Nouri (interino), Bruno Labbadia, Pál Dárdai, Tayfun Korkut, Felix Magath – durante dois meses – e o actual Sandro Schwarz.
Em campo, na primeira temporada (2019/20), o Hertha Berlim terminou no 10.º lugar. Na época seguinte quase descia de divisão, ficando apenas com mais dois pontos do que o 16.º classificado. Na temporada passada ficou mesmo nesse 16.º posto e “safou-se” no play-off de descida diante do histórico Hamburgo.
Na edição actual da Bundesliga, em nove jogos o Hertha só conseguiu vencer uma vez. Ocupa a 14.ª posição e está perto da zona de descida novamente. E, logo no primeiro jogo oficial, foi afastado da Taça da Alemanha diante do secundário Eintracht Braunschweig. No plantel destacam-se os nomes Prince Boateng e Stevan Jovetić.
Mas, mais importante do que isso, o jornal Financial Times noticiou que o empresário Lars Windhorst contratou espiões de uma empresa de Israel para derrubar o então presidente do Hertha, Werner Gegenbauer (algo que conseguiu). E foi acusado pela empresa de não ter pagado os serviços.
Logo a seguir, na semana passada, Lars anunciou que o seu investimento acabou. Explicou: “Os fundamentos de uma cooperação mútua estão destruídos”.
E mais: quer reaver o seu dinheiro. “O clube pode recomprar as quotas que adquiri pelo valor de compra, ou seja, 374 milhões de euros”.
Sim, ao longo dos últimos três anos, Lars investiu numa primeira fase 224 milhões de euros e, mais tarde, 150 milhões de euros.
Agora a pergunta: quem vai querer/conseguir comprar a parte do empresário no clube? Quem vai gastar 374 milhões de euros agora, nesta fase do clube (e da própria economia mundial)? O próprio Hertha não será, responde o especialista Gerd Wenzel, no Deutsche Welle.
O Hertha está praticamente falido. Lars Windhorst pede 374 milhões de euros e as acções do clube valem menos de metade (150 milhões).
Portanto, temos o sonho de um grande clube transformado num emblema perto da ruína e com adeptos à beira de um ataque de nervos.