Haiti: multidão lincha e deita fogo a alegados membros de gangues

Johnson Sabin/EPA

Criança no meio de cenas de violência no Haiti

Mais de uma dezena de alegados membros de gangues criminosos foram linchados e queimados vivos nas ruas de Port-au-Prince, capital do Haiti, após uma multidão ter interrompido uma operação da polícia que estava a deter os suspeitos.

Segundo a agência Alter Presse, citada pelo Público, os agentes pararam uma carrinha em que viajavam os homens, supostamente armados, e estavam a meio da detenção quando os civis intervieram e mataram-nos.

Embora as autoridades não tenham confirmado um número exato, são apontadas 14 mortes. Uma testemunha disse à Associated Press que algumas pessoas entre a multidão levaram os supostos criminosos para longe da polícia, onde os espancaram e apedrejaram antes de os regarem com gasolina e os queimarem.

Os linchamentos seguiram-se a dias de confrontos entre membros de gangues e agentes. Fotos da Reuters e vídeos que circulam nas redes sociais mostram vários corpos empilhados na rua. Num dos vídeos, vê-se uma pessoa a bater nos corpos sem vida com um objeto pontiagudo.

Testemunhas no local disseram ainda que os suspeitos eram membros do gangue Kraze Barye (“Quebrando Barreiras”, no dialeto local).

As autoridades dizem que o grupo é liderado por Vitel’Homme Innocent, acusado de ajudar a sequestrar 17 missionários norte-americanos em outubro de 2021 e que também está ligado ao assassínio do Presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021.

“O povo haitiano continua a enfrentar uma das piores crises de direitos humanos em décadas e uma grande emergência humanitária”, descreveu esta segunda-feira o relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Devido ao elevado número de mortos e ao crescente número de áreas controladas por grupos armados, a insegurança na capital atingiu níveis comparáveis com os de países em situação de conflito armado”, acrescentou.

Entre 01 de janeiro e 31 de março, o número de homicídios registados aumentou 21% no país em relação ao trimestre anterior (815 contra 673), e o número de sequestros 63% (637 contra 391).

ZAP //

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