Há uma doença que não deixa as pessoas sorrir

A síndrome de Moebius é uma doença rara que torna as pessoas incapazes de sorrir. Esta condição afeta vários nervos cranianos, prejudicando os músculos que controlam as expressões faciais e os movimentos dos olhos.

É possível ser feliz sem sorrir? As pessoas que sofrem de síndrome de Moebius talvez sejam capazes de responder.

A incidência exata desta doença é desconhecida. Mas vários estudos citados pela Live Science estimam que, a nível mundial, entre 1 em 50.000 bebés nascem com esta doença. Pensa-se também que a síndrome ocorre em pessoas de todas as raças e etnias e que afeta homens e mulheres em igual proporção.

A principal caraterística da síndrome de Moebius é a ausência ou subdesenvolvimento de dois conjuntos de nervos cranianos (NC): os nervos abducentes (NC VI) e os nervos faciais (NC VII).

Como explica o artigo da Live Science, existem 12 pares de nervos cranianos no total, que transmitem sinais do cérebro para diferentes partes da face, cabeça, pescoço e tronco.

Os nervos abducentes controlam os músculos que afastam os olhos da linha central da face, movendo o olho esquerdo para a esquerda e o olho direito para a direita.

Já os nervos faciais controlam vários movimentos da face, como pestanejar, franzir a testa, sorrir e franzir o sobrolho; e transmitem sinais sensoriais relacionados com a audição e o paladar e ajudam a controlar a saliva e as glândulas lacrimais.

Ainda assim, dependendo do doente, a síndrome de Moebius pode estar associada a problemas noutros nervos cranianos, para além dos NC VI e VII.

As causas exatas destes problemas dos nervos cranianos na síndrome de Moebius não são bem compreendidas. Não há, por exemplo, um padrão de hereditariedade.

Álcool e drogas: dois fatores de risco

Alguns estudos identificaram mutações em determinados genes que podem contribuir para, pelo menos, alguns casos da doença. Esses genes são o PLXND1 e o REV3L, que contribuem, respetivamente, para o desenvolvimento do cérebro no útero e para a reparação do ADN.

Outros investigadores pensam que a síndrome pode surgir devido a perturbações no fluxo sanguíneo para o tronco cerebral durante as fases iniciais do desenvolvimento.

Mas o risco de síndrome de Moebius também tem sido associado à exposição a determinadas susbstância no útero. Estas substâncias incluem álcool, drogas, benzodiazepinas, o imunossupressor talidomida e o medicamento para as enxaquecas ergotamina.

Como é que os doentes são afetados?

Os sintomas da doença podem variar de pessoa para pessoa, mas, geralmente, têm as seguintes caraterísticas: fraqueza ou paralisia facial, que compromete a capacidade de fazer movimentos oculares laterais.

Os bebés com a síndrome de Moebius podem babar-se mais do que o normal, ter os olhos cruzados e precisar de mover toda a cabeça para localizar objetos ao longo de uma trajetória horizontal.

Normalmente, não exibem expressões faciais – o que se torna mais notório quando estão a rir ou a chorar.

Também é frequente terem dificuldade em alimentar-se, uma vez que as suas capacidades de sucção e deglutição são afetadas.

Outros sintomas observados em algumas pessoas com síndrome de Moebius, descritos pela Live Science, são o maxilar pequeno e a língua curta.

Muitos bebés têm também atrasos no desenvolvimento de capacidades motoras, como gatinhar, mas recuperam mais tarde no desenvolvimento. Pensa-se que muitos doentes têm sido erradamente diagnosticados como autistas devido às diferenças decorrentes da paralisia nervosa – como o atraso na fala e a incapacidade de fazer expressões faciais – que tornam as interações sociais mais difíceis.

Ainda sem cura, a terapia física e ocupacional pode ser útil para os doentes com anomalias ortopédicas, tal como a terapia da fala para os doentes com atrasos na fala.

ZAP //

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