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Guru do sono ensinou Ronaldo a dormir melhor (e desfaz velhos mitos)

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Alessandro Di Marco / EPA

Deitar cedo e cedo erguer e dormir oito horas por noite podem, afinal, não ser as melhores práticas de sono. Quem o defende é o especialista Nick Littlehales, que ajudou Cristiano Ronaldo a aprender a dormir melhor.

Nick Littlehales é considerado o guru do sono, sendo requisitado por clubes como Manchester United, Manchester City e Real Madrid, entre outros. Do cardápio de futebolistas com quem já trabalhou consta Cristiano Ronaldo que, com base nas suas orientações, assumiu uma rotina de sono que o ajuda a descansar melhor e a recuperar para os próximos jogos.

Ronaldo divide o sono em 5 fases de 90 minutos cada, obrigando-se a desligar qualquer dispositivo electrónico, nomeadamente telemóvel e televisão, pelo menos uma hora e meia antes de ir para a cama, segundo o que noticiou a imprensa britânica.

Esta rotina do sono foi formulada por Nick Littlehales especialmente para Ronaldo, tendo em conta as suas características pessoais. O especialista do sono trabalhou com o avançado português no Manchester United, em 2007, e no Real Madrid, em 2014.

Littlehales, que trabalha como consultor do sono de vários clubes de futebol, explica que o princípio de dormir oito horas seguidas é “um mito”, porque não é suficientemente reparador. “Quantas pessoas dormem oito horas por noite, sem acordarem, durante 365 dias por ano?”, questiona em declarações ao jornal britânico Express.

Este especialista que se dedica à temática há 30 anos, diz que o ideal é o sono bifásico que se desenrola em dois blocos mais curtos, um à noite e outro durante o dia, na hora da sesta, por exemplo, ou o sono polifásico, em que se dorme durante vários blocos ao longo das 24 horas.

“É importante pensar no sono em ciclos por semana, não em horas por noite”, frisa Littlehales no seu perfil do Twitter, notando que “uma má noite em sete, não parece assim tão mau”. Esta abordagem permite “retirar a pressão” do processo porque não o limita “a um tudo ou nada de oito horas por noite”, o que também contribui para se dormir melhor, refere.

Além disso, também defende que um colchão confortável não é uma boa ideia e que o melhor é dormir em posição fetal, deitado sobre o lado esquerdo do corpo.

“A sensação que passa para o cérebro é de conforto porque, teoricamente, está a proteger o coração e os órgãos genitais. O processo de recuperação de energia é maior“, destaca o autor do livro “Sleep”, um best-seller mundial, em declarações ao Folha de S. Paulo.

O guru do sono também considera que os seres humanos não foram feitos para dormir acompanhados, mas essencialmente, o que ele diz é que não há “uma fórmula fechada” para dormir bem. “Depende do país em que a pessoa vive, do período do ano”, constata, relevando que é preciso adaptar o sono à rotina e à dinâmica de cada um.

E quanto à tecnologia, se não consegue pura e simplesmente evitá-la antes de ir dormir, garanta, pelo menos, que desliga os aparelhos electrónicos adequadamente, em vez de clicar apenas no ‘standby‘. “A luz de standby é como um laser a penetrar por toda a sua glândula pineal, interferindo com a produção de melatonina”, a chamada hormona do sono porque intervém na regulação do ritmo biológico do organismo.

“Uma coruja ou uma cotovia”

Littlehales tem trabalhado especialmente na área do futebol, onde deu os primeiros passos nos anos de 1990, no Manchester United. Também acompanhou a Selecção Inglesa durante o Mundial 1998, em França, programando os hábitos de sono dos atletas e escolhendo até os colchões e almofadas onde dormiram.

Durante o Euro 2004, em Portugal, traçou perfis individuais de sono para cada jogador inglês. E em 2014, teve papel determinante na rotina de sono de Sergio Aguero, avançado argentino do Manchester City.

“Aguero batalhava para manter as coxas juntas quando dormia de um lado, e pensava-se que isso seria a causa das suas lesões nos tendões“, explica o especialista do sono em declarações à revista FourFourTwo.

“A sua posição corporal estava errada quando ia para a cama, o que afectava o seu sono” e, além disso, “a sua cama era uma coisa de couro chique, mas o colchão era uma porcaria“, diz ainda Littlehales.

O guru do sono recomendou a Aguero um colchão mais fino, desenhado especialmente para o seu peso e altura, e também almofadas mais finas para alinhar o pescoço e a coluna. Também concluiu que os problemas de sono do argentino se deviam ainda ao estilo de vida sul-americano que levava em Manchester.

“Ele não comia antes das 11 da noite, o que é normal na Argentina e em Espanha, mas não é o ideal quando é preciso acordar para treinar logo de manhã”, analisa Littlehales na FourFourTwo.

“Aguero detesta os inícios da manhã e preferia treinar à tarde se tivesse escolha”, acrescenta o especialista, concluindo que, como o treinador é que mandava no horário dos treinos, a solução foi levar o avançado a fazer uma sesta de 90 minutos a meio da tarde.

“Cada ser humano tem um cronotipo específico, o que quer dizer que ou são uma pessoa da manhã ou da noite; uma coruja ou uma cotovia”, constata Littlehales, realçando a influência da genética como um factor que também determina qual a fórmula mais correcta para cada qual dormir.

SV, ZAP //

2 Comments

  1. Cheira-me a banha da cobra. Mas o dinheiro da bola dá para tudo.
    Eu, enquanto funcionário público, durmo sempre no local de trabalho, oito horas por dia. Agora, apenas durmo 7 horas porque o Costa reduziu o horário semanal de 40 para 35 horas. Depois vou trabalhar!

  2. SIm, osono tem muita influência no nosso dia dia, antes da devolução industrial tímhamos outro tipo de sono.
    Agora obrigam.nos a dormir 8 horas seguidas, mas mesmo assim pode se ir cansado para o trabalho.
    Cada pessoa tem o seu ciclo, acredito que a genética tem a sua influencia.

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