Cientistas descobriram que dois guerreiros da Idade do Ferro, que morreram durante o século VII D.C, foram enterrados nos seus barcos funerários em cima de almofadas de penas.
De acordo com o site Live Science, o cemitério localizado em Valsgärde, na Suécia, contém 15 barcos funerários (um tipo de túmulo muito usado pelos povos germânicos durante a Idade do Ferro) que datam do século III A.C. até ao século 12 D.C.
Recentemente, uma equipa de investigadores decidiu analisar o conteúdo incomum de duas destas sepulturas, conhecidas como Valsgärde 7 e Valsgärde 8. Ambas continham “barcos ricamente equipados”, que foram posicionados de forma a que as popas ficassem apontadas para o rio Fyrisån, como se os seus ocupantes estivessem prontos para a viagem em direção à vida depois da morte.
Além disso, no seu interior está, segundo os cientistas, a roupa de cama mais antiga já conhecida até agora da Escandinávia: almofadas de penas com cerca de 1400 anos. O excelente estado de preservação permitiu à equipa extrair e examinar algumas dessas penas no seu interior, tendo conseguido identificar a que grupos de pássaros pertencem e até mesmo algumas das espécies.
Nas amostras da Valsgärde 7 analisadas, as penas de pato e ganso foram as mais comuns, embora também tenham sido encontradas penas de galinhas, pássaros canoros, aves limícolas e até mesmo de um bufo-real. Já no único local analisado da Valsgärde 8, todas as penas se assemelhavam às de ganso.
Segundo Birgitta Berglund, professora emérita de Arqueologia do Museu da Universidade NTNU, na Noruega, e autora principal do estudo publicado na edição de abril da revista científica Journal of Archaeological Science: Reports, os guerreiros foram assim colocados em cima das almofadas para que o seu “sono de beleza também fosse cuidado durante a morte”.
A investigadora destaca ainda que esta “roupa de cama provavelmente tinha um significado muito mais profundo do que apenas servir como enchimento”. Isto porque, nesta altura, as penas tinham um simbolismo especial nos ritos funerários.
Por exemplo, as penas de corujas e de outras aves predadoras foram associadas ao prolongamento da luta contra a morte e, em algumas partes da Escandinávia, as “penas de ganso eram consideradas as melhores para permitir que a alma fosse libertada do corpo”.
Segundo o mesmo site, os guerreiros também foram enterrados com objetos como capacetes, espadas e facas, sendo que vários escudos cobriam os seus restos mortais. Os túmulos também continham utensílios de cozinha e de caça para os ajudar na vida após a morte.