“Guerra de palavras” entre Alemanha e Rússia faz soar alarmes germânicos

Presidential Executive Office of Russia / Wikimedia

O Presidente russo Vladimir Putin e o Chanceler alemão Olaf Scholz

Após a recente “guerra de palavras” com a Rússia, a Alemanha deve preparar-se para uma “nova realidade”, com os russos como “potencial ameaça”. Pode vir aí uma “confronto de uma década” entre russos e germânicos.

A recente “guerra de palavras” entre Alemanha e Rússia está a agravar as tensões bilaterais.

Berlim deve preparar-se para uma nova realidade na qual Moscovo aparece como ameaça.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, tem lançado avisos aos alemães para que estejam preparados para um confronto de uma década com a Rússia.

A recente fuga de informação sobre una reunião entre oficiais do exército alemão, cujo teor foi divulgado pela Rússia, veio azedar ainda mais as já tensas relações entre os dois países.

O Kremlin acusa Berlim de estar a planear atacar o território russo.

Por seu turno, a Alemanha diz que a fuga de informação é um ataque que tem como objetivo dividir a Europa.

Putin cada vez mais agressivo

“A Rússia de Putin é um ator cada vez mais agressivo no palco internacional”, considerou o analista político Marcel Dirsus, em declarações à agência Lusa.

O investigador do Instituto de Política de Segurança da Universidade de Kiel (Alemanha) diz que “a Alemanha tem de preparar-se para uma nova realidade em que a Rússia é uma potencial ameaça“.

“Depois do fim da guerra fria, houve várias décadas em que a Alemanha pôde usufruir da paz, e focar-se noutras coisas (…) Durante esse período, as pessoas esqueceram o passado. Agora vão ter de voltar a habituar-se”, concluiu.

É preciso prevenção militar

Por seu turno, também em declarações à Lusa, o tenente-coronel Torben Arnold considera que, perante este cenário, “faz sentido atualizar e equipar as Forças Armadas alemãs”.

Para o investigador no Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança, a Alemanha deve continuar a deixar claro que apoia sem reservas os seus parceiros e que não aceita de forma alguma o comportamento da Rússia.

Torben Arnold admite que “existe atualmente uma falta de confiança total na celebração de acordos com a Rússia, quer bilaterais, quer multilaterais, quer através de instituições internacionais. Isto exigiria, em primeiro lugar, um sinal visível de vontade por parte de Moscovo”,

Alemanha calculou mal

Também o politólogo e historiador Dmitri Stratievski considera que a Alemanha tem de se preparar para “muitos anos de tensão política e militar na relação com a Rússia”.

O diretor do Osteuropa-Zentrum de Berlim explica que, antes de fevereiro de 2022, a elite política alemã achava que Putin era autoritário, mas que, pelo menos, era previsível e não iria arruinar os seus negócios.

Berlim calculou mal. A história recente mostrou que o atual regime de Moscovo está disposto a sacrificar milhares de milhões de lucros e as perspetivas económicas do seu país para as próximas décadas em prol das suas ambições imperiais”, considerou Dmitri Stratievski,

O analista admitiu que, pelo menos a curto prazo, um ataque da Rússia a um país da NATO é improvável, mas Alemanha “tem de aprender” com os erros.

ZAP // Lusa

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