O coordenador da task-force responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 afirmou, esta quarta-feira, que os grupos prioritários vão ter a vacinação completa até 11 de abril.
“Previmos fechar (completar a vacinação) a 100% as ERPI [estabelecimentos residenciais para idosos], os mais de 80 anos e o grupo dos 50 até aos 80 anos com comorbilidades tipo 1 até dia 11 de abril“, afirmou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, que está hoje a ser ouvido numa audição na comissão parlamentar de Saúde a pedido do PSD.
“Naturalmente, poderão ficar pequenas bolsas que não conseguimos contactar, mas a grande maioria desta comunidade, que tem a ver com salvar vidas, estará fechada até 11 de abril”, reafirmou o responsável pelo plano de vacinação.
O coordenador da task-force vincou a “coerência da estratégia”, reiterando os 90% de vacinas alocadas ao salvamento de vidas e 10% para o fortalecimento da resiliência do Estado, e refutou uma possível “inversão da estratégia”, como questionou o deputado do PSD Ricardo Batista Leite, com a vacinação dos docentes e não docentes do ensino pré-escolar e primeiro ciclo nesta fase.
“O facto de se meter a comunidade educativa no conceito de resiliência: Grande parte dessa comunidade, cerca de 200 mil pessoas, vai ser já vacinada na transição da primeira para a segunda fase, quando salvar vidas está praticamente resolvido a 100%“, frisou, sublinhando o reforço da vacinação deste grupo após a conclusão dos outros grupos prioritários.
“E é nesse fim-de-semana a seguir [de 11 de abril] que se vai fazer o grande impulso no ensino e que são as tais 200 mil vacinas. Este impulso no ensino também serve para testar as nossas metodologias de vacinar 100 mil pessoas de cada vez, que têm de ser praticadas e testadas antes de entrarmos em funcionamento, no início de maio, com esses ritmos de vacinação”, acrescentou.
Afastada nova suspensão da AstraZeneca
O vice-almirante deixou também transparecer alguma perplexidade com o aparecimento de novas questões sobre a utilização da vacina da AstraZeneca, como ocorreu no Canadá e na Alemanha nas últimas horas, ao questionar as motivações dessas dúvidas e asseverando que Portugal vai estar alinhado com a Agência Europeia do Medicamento (EMA).
“A EMA não mudou a sua posição sobre a AstraZeneca. Há um conjunto de movimentos à volta da AstraZeneca que não se conseguem perceber se são só de preocupação clínica ou se são de outra ordem”, disse.
“O que decidimos é seguir as recomendações estritas da EMA. Neste momento, o regulador europeu não cria nenhuma restrição à utilização desta vacina, continuando a afirmar que as vantagens superam muito qualquer inconveniente que possa aparecer”, afirmou.
O Canadá decidiu suspender a administração da vacina da farmacêutica anglo-sueca a pessoas abaixo dos 55 anos e, esta terça-feira, a Alemanha restringiu a vacina a menores de 60 anos.
Segundo o Comité Nacional de Aconselhamento sobre Imunização do Canadá, a maioria das pessoas vacinadas com a AstraZeneca que desenvolveu coágulos sanguíneos são mulheres com menos de 55 anos, sendo que a taxa de mortalidade nestes casos é de 40%.
Sobre a aquisição de todas as vacinas disponíveis contra a covid-19 no mercado, Gouveia e Melo lembrou que Portugal apenas adquire as vacinas que são validadas pela EMA e que o plano de aquisição é conduzido pelo Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento).
No fim-de-semana, o coordenador da task-force estimou que, em abril, seja possível vacinar 100 mil pessoas por dia, atendendo às remessas de vacinas que Portugal deverá receber no segundo trimestre.
A previsão para esse período é de nove milhões de vacinas, das quais 1,8 milhões em abril e as restantes nos dois meses seguintes.
Além das vacinas da Pfizer, da Moderna e da AstraZeneca que já estão a ser administradas, Portugal deverá receber na segunda metade de abril as primeiras vacinas da Janssen, de toma única, de um lote de cerca de 1,25 milhões que está previsto chegar ao longo do segundo trimestre.
Esta quarta-feira, fonte da task-force deu ainda uma novidade sobre a vacinação em massa: as próprias pessoas a vacinar vão poder auto agendar a toma da vacina com a sua inscrição numa plataforma digital.
Para concretizar o plano de vacinação em massa, a task-force prevê que sejam necessários cerca de 2500 enfermeiros, 400 médicos e 2300 auxiliares, num total de cerca de 5200 profissionais a distribuir pelos 150 centros espalhados pelo país.
ZAP // Lusa