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Gripe A está de volta, mas vírus é agora menos perigoso

sarihuella / Flickr

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A subdiretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou esta quarta-feira que o vírus da gripe A, diagnosticado em 13 pessoas nas urgências do Hospital da Guarda, não é pandémico e é menos perigoso do que o verificado há seis anos.

Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas comentou o anúncio feito esta terça-feira pela Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda de que o serviço de urgências do hospital da cidade tinha diagnosticado este mês 13 casos de Gripe A e deu uma “resposta eficaz” à situação.

A subdiretora-geral da Saúde salientou “não haver motivos para alarme“.

“Existem basicamente dois vírus importantes que circulam entre os humanos, os de tipo A e B. No grupo A, há o H1N1 e o H3N2. O que se chama A, que foi baptizado em 2009 e que originou uma pandemia, tinha na altura um padrão de comportamento diferente, era mais agressivo e as pessoas não tinham imunidade para esses vírus”, descreveu.

Graça Freitas adiantou que, depois da pandemia no inverno de 2009/2010, estes vírus continuaram a circular entre os seres humanos nas épocas gripais seguintes.

“Entretanto, nós vamos adquirindo imunidade natural através do contacto com o vírus e através da vacinação. Agora, em 2015/2016, estes vírus são habituais. Aliás é o vírus dominante este Inverno, mas isso não lhe confere nada de especial, uma vez que não é um vírus pandémico“, explicou à agência Lusa.

Graça Freitas sublinha que o vírus não tem as mesmas características e ganhou imunidade natural e vacinal.

“O que se está a passar agora é que há uma subida da atividade gripal que deverá atingir um pico ainda não sabemos quando. Mas, é o movimento normal da gripe”, disse à Lusa.

Contudo, ressalvou, os vírus podem sofrer mutações e, por isso, as autoridades de saúde “estão atentas”.

A subdiretora-geral da Saúde voltou a apelar às pessoas para que, antes de se deslocarem aos Serviços de Saúde, contactem primeiro a linha de Saúde 24, através do número de telefone 808 242 424.

O Gabinete de Comunicação e Imagem do Hospital da Guarda informou na terça-feira, em comunicado, que “não há qualquer motivo acrescido para alarme” junto da população, assegurando que a unidade de saúde dispõe de todas as condições de resposta eficaz para este tipo de situações”.

O mais recente Boletim da Vigilância Epidemiológica da Gripe, divulgado na semana passada pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, dava conta de que a atividade gripal esteve em baixa na semana de 28 de dezembro a 3 de daneiro, mas com tendência para crescer.

De acordo com o boletim, publicado semanalmente, às quintas-feiras, a taxa de incidência da síndrome gripal aumentou para 51,4 casos por 100 mil habitantes, o que indica “provável início do período epidémico“.

Desde o início, havia até à semana passada registo de 18 doentes que tiveram de ser internados em unidades de cuidados intensivos, quase todos com o A (H1N1). No entanto, cerca de 70% dos pacientes tinham doença crónica subjacente, “considerada de risco para a evolução do quadro de gripe”, com 80% a rondar uma idade entre os 15 e os 64 anos.

A taxa estimada de admissão por gripe nas unidades de cuidados intensivos é de 4,4%, a mais alta desde o início da época gripal, tendo sido identificado o vírus A em todos os doentes.

Se tudo correr como é habitual, o pico da epidemia deve ser atingido dentro de três a quatro semanas, prevê Francisco George, que também apela às pessoas que telefonem para a Linha de Saúde 24. Os doentes internados estão a ser tratados com o antiviral oseltamivir, o famoso Tamiflu adquirido em grandes quantidades na altura da pandemia e que o director-geral garante que ainda não ultrapassou o prazo de validade.

Entretanto, Portugal proibiu a importação de aves a partir de França para os próximos dias, depois dos 67 focos do vírus Influenza A dos subtipos H5N1, H5N2 e H5N9 com alto contágio que surgiram naquele país.

Os mercados e feiras das 139 zonas classificadas como de maior risco, distribuídas por 58 concelhos do continente – sobretudo junto a zonas mais próximas das linhas de água, onde ocorrem aves migratórias -, estão proibidos de vender perus, gansos, patos ou galinhas.

As autoridades de saúde garantem que o grau de preocupação está “distante” do nível atingido em 2005, quando a gripe assustou o mundo, mas admitem que o risco “não é zero”.

Há oito anos que a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) não emitia um aviso contra a gripe das aves.

ZAP

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