Pandemia pára o mundo? A Grande Epizootia fez o mesmo na América do Norte

Heinrich Harder / Wikimedia

Cidades de Canadá e EUA ficaram paradas quando um vírus afectou imensos cavalos – numa altura em que o carro era o cavalo.

Estamos quase a completar 3 anos desde que o mundo paralisou por causa de um vírus.

Mas há 150 anos a América do Norte também parou. Não à escala de 2020, não em todo o lado, mas muitas cidades quase paralisaram.

Estávamos em Setembro de 1872. Toronto, Canadá.

Numa altura em que as pessoas utilizavam como “carro” os cavalos, os cavalos ficaram…doentes.

Começou por acontecer em Toronto, em diversos pontos. Numa semana já havia 600 cavalos afectados pela “doença do cavalo canadiano”, lembra o  The Washington Post.

O fenómeno deixou de ser apenas canadiano porque o recente país Estados Unidos da América passou a estar infectado também.

Um incêndio em Boston tomou proporções invulgares porque, entre outros motivos, os cavalos estavam doentes – não conseguiram puxar as carroças com as bombas de água.

O transporte de mercadorias parou em Nova Iorque. O desemprego subiu. O lixo ficou por recolher e o correio ficou por distribuir.

Até campanhas para as eleições presidenciais (1872, ganhas por Ulysses S. Grant) foram canceladas porque não havia cavalos.

Baltimore, Chicago, Nova Orleães e São Francisco… Reinou o silêncio. Transportes na capital Washington? Nenhum.

Foi um caso de estudo sobre os efeitos da urbanização porque, em locais que estavam ligados por comboios, o vírus espalhou-se muito rapidamente; mas noutros locais, com menos ligações entre eles, a propagação foi mais fraca.

E não havia um sistema para isolar animais doentes.

Os cavalos tinham febre, não comiam, não se mexiam. Cavalos doentes andavam pelas ruas e pelos campos (as empresas estavam a perder muito dinheiro todos os dias) e infectavam outros animais.

Assim foi a Grande Epizoótica, uma gripe dos cavalos que afectou a grande maioria dos cavalos dos EUA entre Outubro de 1872 e Março de 1873.

O historiador Ernest Freeberg acha que, nos tempos actuais, a paralisação só seria igual se deixássemos de ter electricidade e combustíveis. Uma larga escala.

Depois de meio ano de uma doença desconhecia (na altura) e de um caos generalizado, o cenário acalmou: cavalos recuperados, vida normalizada (tal como hoje).

Esta aula de História aparece numa fase em que se teme que uma doença que afecta animais em diversos países – o regresso da gripe das aves – se transforme numa pandemia.

E a diferença é que a pandemia afecta e mata humanos.

Já agora, e voltando ao título, para quem questiona o que é uma “epizootia”, aqui fica a resposta: doença que ataca ao mesmo tempo muitos animais da mesma espécie na mesma zona.

ZAP //

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