“À beira de um ataque de nervos”. Greves dos professores deixam pais e diretores sem soluções

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Paulo Novais/LUSA

Greve na Escola Secundária Quinta das Flores (Coimbra)

Encarregados de educação mostram-se cada vez mais impacientes com as graves e o estilo em que está a ser praticada.

As greves previstas para o recomeço do período letivo estão a deixar pais e diretores “à beira de um ataque de nervos“, como admite Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), que pede ao Governo que negoceie com os sindicatos de professores o mais rápido possível. Nos casos mais difíceis, há mesmo pais com faltas injustificadas ao trabalho para conseguirem ficar com os filhos mais pequenos.

Os apelos são, por isso, para que o ministério da Educação convoque os sindicatos antes do final do mês, como estava inicialmente previsto, para acabar com a instabilidade que se vive atualmente. Caso tal aconteça, as estruturas sindicais que convocaram os protestos admitem marcar presença. “Não haverá acordo sem uma discussão sobre os fracos vencimentos dos professores, uma mudança no modelo de avaliação de desempenho, sobre a carga burocrática e a situação daqueles que estão deslocados”, reconhece Filinto Lima.

O mesmo responsável acredita ainda que o ministério das Finanças deve marcar presença nestas reuniões, de forma a evitar “o desinvestimento na escola pública“. Ainda assim, e apesar do descontentamento dos pais, Filinto Lima considera que não está em cima da mesa a possibilidade de os diretores furarem as graves e que só será feito “o que for legal” . “No início acho que os pais perceberam a luta dos professores. Agora temo que se possam virar contra eles”, admitiu, em declarações ao Jornal de Notícias.

À mesma fonte, Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, reconhece que têm chegado queixas de pais “aborrecidos e revoltados” porque não conheciam o estilo de greve em causa. Os encarregados de educação questionam ainda a legalidade da greve, mas também as consequências a nível laboral que possam resultar das suas faltas.

“Cinco faltas são suficientes para o empregador começar um processo de despedimento por justa causa“, lembra a dirigente. Há ainda quem tema as consequências nas crianças, numa fase de regresso às escolas no pós-pandemia. “Os pais querem colaborar com os professores — reconhecem que sem eles não teríamos uma educação de qualidade —, mas pedem que sejam ponderados“.

ZAP //

6 Comments

  1. Não enterrem a escola pública. Já temos uma população bastante ignorante, apesar de vivermos numa era em que a informação está na ponta dos dedos (mas é mais importante ser famoso, rico ou infame! Deem um mínimo de condições aos professores e valorizem a carreira docente. Ou então continuem a deixar que os políticos “limpem” (a carteira d) o país!

  2. Pretender que todos os professores atinjam e se reformem no topo da carreira é uma exigência excessiva, não se conhece outra profissão com algo parecido. Já quanto às colocações, não se pode criticar, com razão, os anos que passam longe da residência para dar aulas ao mesmo tempo que se exige a manutenção de concursos centralizados.

    • Penso eu de que,
      Não sei qual a sua profissão mas dizer que não se conheçe outra profissão igual é não conhecer o que se passa neste País com as outra Profissões, posso estar enganado no que estou a dizer, ´é que em Portugal nem todos são Funçionarios públicos, é que eu trabalhei 44 anos fora da Familia a centenas e até a milhares de Kms e nunca terei uma reforma como a dos Professores, nem metade nem um quarto sequer, eu conheço-os aqui na minha terra e o valor das suas reformas, ou melhor chorudas reformas comparadas com os outros trabalhadores são de bradar aos céus.

  3. Professor é uma profissão como outra qualquer , quem é excelente devia ganhar muito bem caso de professores responsáveis talvez 10 mil euros mês , bom 2500. Suficiente 1100 ,mau 760€. M es . Talvez assim se normalize todo o assunto . Há aqueles que nunca faltam , aqueles que marcam presença , aqueles com andam sempre com o cartaz na mão e aqueles que entram na sala abrem o livro e depois z aos alunos. Estudem .

  4. Penso eu de que… não se exige que todos cheguem ao topo da carreira e se reformem nesse topo, exige -se que se chegue ao topo de forma justa, transparente e em igualdade de oportunidades, com uma avaliação justa, baseada em critérios objetivos, credíveis…
    Tanta gente a opinar sem se dar ao trabalho de se informar!

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