Dezenas de Governos de todo o mundo desligaram os seus países da Internet de forma intencional mais de 200 vezes durante o ano passado, afetando milhões de utilizadores, revela um novo relatório do grupo de direitos digitais Acess Now.
“Este tipo de dano pode parecer menos prejudicial do ponto de vista do escopo (…) No entanto, estas vozes silenciadas podem ser absolutamente cruciais para alertar o público sobre violações e/ou abusos dos direitos humanos e para obter ajuda para os afetados”, pode ler-se no documento, citado pelo portal Futurism.
Índia e Venezuela são campeãs no que a interrupções propositadas do serviço de Internet diz respeito. O país de Ram Nath Kovind lidera, tendo registado 121 shut downs em 2019, as maiorias dos quais na disputada região de Caxemira.
Segue-se a Venezuela de Nicolás Maduro, com um número bastante mais baixo – os serviços de Internet foi interrompidos “apenas” 12 vezes em 2019.
O grupo Acess Now descobriu que o número de shut downs tem sido menor, mas mais direcionado a determinados grupos.
Em 2019, houve pelo menos 14 casos em que em que as empresas diminuiram significativamente a velocidade da Internet, em vez de a desligarem por completo. A ideia, explicou o Acess Now à emissora britânica BBC, passava por sufocar a partilha de ficheiros multimédia, especialmente nas redes sociais. Grande parte destes casos acabou por se tornar num “apagão” completo da Internet.
O mesmo documento frisa ainda que estes “apagões” parecem, muito frequentemente, estarem associados a protestos públicos, enquadrando-se numa espécie de estratégia para reprimir comunicações e a dissidência.
“Parece que há cada vezes mais países que estão a aprender uns com os outros e [estão] a implementar a opção nuclear de desligar a Internet para silenciar críticos ou perpetuar outras violações dos direitos humanos sem qualquer supervisão”, disse o grupo.
Recentemente, recorde-se, o Governo russo levou a cabo uma série de testes, conseguindo desligar-se da Internet mundial. Em causa está o controverso programa RuNet, que irá desmembrar o país da rede mundial de computadores.