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Governo recua. Não há concurso para alunos do profissional entrarem no superior

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Marcos Santos / USP Imagens

Os alunos que terminam cursos profissionais do ensino secundário já não vão poder candidatar-se ao ensino superior através de concursos especiais no próximo ano letivo.

A medida, que o Governo anunciou em mais do que uma ocasião, vai ficar em stand-by. O presidente da Comissão Nacional de Acesso, João Guerreiro, disse ao jornal Público que “não havia tempo” para mobilizar os estudantes. A solução também não convencia várias instituições do sector.

A proposta anunciada em março pelo Governo seria introduzida no acesso ao superior para o próximo ano lecivo como um “projeto-piloto” e testada num conjunto de instituições.

A solução passava por concursos locais, algo que já é corrente no ensino superior por exemplo no acesso às licenciaturas das áreas artísticas. Cada candidato concorre diretamente à instituição na qual pretende estudar e é esta quem decide quais os critérios para a admissão dos seus alunos.

Os diplomados do profissional passavam assim a ter uma via própria de acesso ao superior. A solução acabava com o papel decisivo dos exames nacionais, que afastavam muitos destes estudantes de uma licenciatura, uma vez que tinham que fazer exames nacionais que versavam sobre matérias que não tinham abordado nas aulas.

A proposta do Governo, feita há pouco mais de dois meses, não foi recebida de forma unânime no sector. Os politécnicos aplaudiram-na mas, entre as universidades, houve críticas de responsáveis que temiam que fossem ser dadas facilidades excessivas aos alunos que terminam cursos do ensino profissional.

O recuo da tutela prende-se com o calendário da implementação desta solução. O despacho de fixação de vagas para o próximo ano será apenas publicado em meados deste mês, numa altura em que as aulas no ensino secundário já estarão terminadas e as atenções dos alunos voltadas para os exames nacionais.

Desde o início da legislatura que o Governo tenta encontrar uma solução para atrair mais estudantes do ensino profissional para os cursos do superior. Em 2017, o Ministério da Educação chegou a propor que os exames nacionais deixassem de contar para a média final do ensino secundário destes alunos, bem como dos do ensino artístico especializado. A medida acabou por não avançar.

No ano seguinte, o ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, apontava como solução a criação de contingente especial no concurso de acesso ao superior para os estudantes que concluem o ensino profissional. Na altura, garantiu que a medida entraria em vigor em 2019/2020.

No início deste ano, repetiu que a implementação avançaria “no próximo ano letivo”. O ministério diz  que Manuel Heitor só se deverá pronunciar sobre as regras do acesso ao superior do próximo ano, quando o despacho de fixação de vagas estiver concluído e for enviado às instituições.

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12 Comments

  1. E ainda bem! Então a malta que levou com “Matemática A” forte e feio (só para dar um exemplo), via agora o pessoal que foi “ligeirinho” para os cursos profissionais, entrarem no Superior???? Isto não pode continuar a ser uma mediocracia, sob pena de não irmos a lado nenhum como país. Não podemos só produzir futebolistas, até porque Ronaldos só aparecem de quando em vez. É como o caso dos maquinistas da CP que, com o 12º ano, já ganham tanto, ou mais, que um licenciado. Não pode ser, meus amigos! Não pode ser! Por muito que todos tenhamos direito ao nosso lugar ao sol, não há direito a tal tipo de “equivalências”. Claro que também não pode acontecer é uns ganharem 50 e os outros 5000; o fosso torna-se demasiado grande e cria assimetrias sociais difíceis de resolver.

    • Ah?!
      E porque não pode um maquinista da CP com o 12° ano ganhar mais do que um licenciado?!
      Licenciado é uma profissão?!
      Ou um maquinista licenciado (com os mesmos anos de serviço) ganha menos do que um maquinista com o 12°?
      Duvido… quando muito, ganhará o mesmo!…
      Mas, eu conheço varios trabalhadores que nem o 9° ano tem e ganham mais do que muitos licenciados, mas fazem trabalhos que nenhum licenciado faz, por isso não é “não pode ser”, mas sim “deve ser”!!

      • Na mouche!!!
        Qualquer dia, temos LICENCIADOS a fazer tudo… até porque ser-se LICENCIADO, tem muito que se lhe diga: com licenciaturas feitas na secretaria, com notas inflacionadas, erros crassos uns atrás dos outros, nas profissões que depois escolhem. Deve ser-lhes dada a oportunidade sim! Obterem a tal LICENCIATURA, depois, só vai depender deles mesmos!

    • Sr. Nuno, boa tarde! Não pode ser PORQUÊ?!?!?! Passo a explicar: a “malta” (como lhes chama), que andou a a levar c/a matemática A ou outras, que tira uma licenciatura “À RASQUINHA”, à conta dos papás, só para ser um/a LICENCIADO/A, o que é que é a mais do que aqueles/as que vão para os Cursos Profissionais, que têm uma carga horária muito maior, muito menos férias e normas bem mais rígidas (como por ex. reprocam se faltarem às aulas!) do que muitas escolas secundárias, que até inflacionam notas?! Geralmente, quem vai p/os Cursos Profissionais é porque, à saída do 9º ano, já têm uma ideia de uma profissão… mas a vida dá muitas voltas e não concordo de forma alguma que, se merecido e pretendido, não possam ingressar num Curso Superior. Temos DOUTORES a mais! ENGENHEIROS a mais! Não é por acaso que em muitos países um bom canalizador, electricista ou carpinteiro ganha BEM MAIS dos que os tais LICENCIADOS, que saem cá para fora c/notas finais de 11, 12 por aí!!!!

  2. INCONSTITUCIONAL!
    Não podem haver critérios diferentes.
    Quem trabalhou para ter boas notas, tem barreiras. Quem se baldou entra pela porta do cavalo.

    • Não é “porta do cavalo”, é apenas uma PORTA DIFERENTE! Bem mais estreita e exigente, em muitos casos – acredite! Se não sabe, informe-se.
      E essa do “quem trabalhou para ter boas notas” tem muito que se lhe diga!!! Se acabar uma licenciatura com 11 ou 12, são boas notas….
      Para concluír, o meu Pai foi oficial de Electricidade. Aprendeu sozinho, porque não tinha possibilidade de frequentar as escolas profissionais que ANTIGAMENTE existiam e NUNCA DEVERIAM ter sido fechadas (i.e. António Arroios e outras). Trabalhou 55 anos na profissão! E assisti eu, muitas vezes, c/um orgulho imenso, a ensinar ENGENHEIROS ELÉCTRICOS e outros LICENCIADOS, como é que se faziam as coisas! Um desses tais LICENCIADOS (e não foi há muito tempo!) explodiu um quadro eléctrico inteiro, porque achou que percebia muito da coisa, recusando-se arrogantemente a aceitar a OPINIÃO do meu Pai… teve azar, foi despedido! Mas foi o meu Pai promovido? Não…. isto tem que mudar!!!!

  3. Querem concorrer para a universidade, devem fazer exames como os outros alunos do ensino regular.
    Senão, será a via mais fácil e melhor para entrar no ensino superior para todos!

  4. O que muita gente não compreende é que quem faz um curso profissional já faz uma PAP em vez de exames. E não, não quer dizer que se trabalhe menos ou estude menos num curso profissional! Estive nos dois e sei bem as diferenças.
    Também é preciso ver que não faz sentido fazerem um exame nacional de algo que não frequentaram nem aprenderam! Não há bases para isso e ainda assim acham que é mais fácil? Será que têm noção da dificuldade que é para quem vai a “zeros” sem noção do programa e sem ter passado por essa experiencia?
    Não é mais fácil, é muito mais dificil.
    Desenganem-se!
    E por favor….há espaço para todos, podem sempre optar pela mesma via quando não quiserem fazer exames. Toda a gente tem o direito de estudar, estamos a falar de estudar!
    Que mesquinhice!

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