Governo admite adotar medidas de restrição ao consumo de água

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Manuel dDe Almeida / Lusa

O ministro do Ambiente e da Ação Climática admitiu hoje, em Loulé, a possibilidade de o Governo adotar novas medidas de restrição ao consumo de água nas regiões em maior situação de stresse hídrico.

De acordo com Duarte Cordeiro, o Governo está “a desenhar uma alteração legislativa” à Lei da Água para reforçar o enquadramento legal para as decisões tomadas, “mas também permitir dar espaço para novas decisões relativamente ao futuro”.

“Entre outros aspetos, o da capacidade de controlar, de forma mais significativa, a utilização das águas subterrâneas em contexto de escassez”, referiu.

Em declarações aos jornalistas, o ministro disse que “o decisor político está disponível para avaliar todas as propostas que sejam feitas e que tenham como objetivo, de forma inteligente, reduzir o consumo de água”.

Numa altura em que 89% do território está em situação de seca e 34% em seca severa e extrema (Alentejo e Algarve), o governante admitiu também que possam vir a existir “diferenciações tarifárias para grandes consumidores em sistema de gestão de recursos hídricos durante todo o ano”.

Perante os indicadores de agravamento dos níveis de seca em todo o território, Duarte Cordeiro admitiu a possibilidade de serem impostas novas restrições ao setor da agricultura.

“Tendo em conta as previsões de redução de precipitação no futuro, nós hoje não estamos a falar necessariamente de restrições para quem tem projetos agrícolas, mas sim para novos projetos agrícolas”, detalhou.

Para o ministro, os investimentos que estão a ser feitos na região do Algarve para acrescentar 50 hectómetros cúbicos, “podem não pôr em causa os atuais projetos agrícolas, mas sim novos projetos e reconversões aos atuais, que sejam muito dependentes de recursos hídricos”.

Isto para nós parece-nos evidente. Por um lado, procurar garantir as capacidades de água para os projetos existentes e controlar novos projetos que tenham uma grande necessidade de água”, sublinhou.

Questionado sobre onde irá ficar instalada a central de dessalinização prevista para o Algarve, o ministro disse que vai procurar dar mais informações sobre a mesma durante esta semana.

“Procurarei dar informações mais aprofundadas relativamente aos estudos de impacte ambiental e à sua localização, mas estamos a trabalhar para até ao final do ano abrirmos o procedimento concursal”, concluiu.

36% do território em seca severa ou extrema

Portugal continental tinha no fim de maio 36% do território em seca severa ou extrema, incidindo especialmente no sul do país, adiantou na passada quinta-feira o ministro do Ambiente.

Citando dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Duarte Cordeiro disse que a 30 de maio 28% do território estava em seca severa e 8% em seca extrema, afetando especialmente as zonas do vale do Tejo e sul do país.

O ministro, que falava em conferência de imprensa após uma reunião da comissão de acompanhamento dos efeitos da seca, disse que no mês de maio a precipitação foi 35% abaixo do normal, e alertou para “níveis críticos” de água no solo especialmente no sul de Portugal.

As previsões, alertou, são de que se continuarão a registar temperaturas do ar acima da média.

Em relação à capacidade das albufeiras, de acordo com os dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) citados pelo ministro, a situação é hoje melhor do que em igual período do ano passado, quando as albufeiras estavam a 65% da capacidade, em contraponto com os 79% de agora.

Quanto às águas subterrâneas do país os níveis “estão muito baixos”. E algumas zonas do país, nomeadamente no litoral alentejano e no Algarve, estão em situação crítica, “e algumas delas piores do que no ano passado”, com níveis de capacidade de água reduzidos.

ZAP // Lusa

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3 Comments

  1. Uma vez mais o desgoverno manifesta-se. Durante todos estes anos em que foram desgoverno não se lembraram do problema da seca?!? Então e as licenças que os agricultores pediam para construir pequenas barragens, charcas, etc e que nunca foram aprovadas?! E planear os transvases do norte para o sul?! E a criação de unidades de dessalinização no Algarve como já acontece com Porto Santo e várias outras situações no sul de Espanha?! O nosso governo, como sempre, não fez o trabalho de casa. Só me pergunto como é que há gente que consegue votar nestes incompetentes que nada fazem e o pouco que fazem, fazem mal. A incompetência tomou conta do país. E o pior é que o povo é pouco ou nada exigente e, desde que lhe deem 120 paus, vai votar em massa no maior desgoverno da história de Portugal.

    • Excelente comentário. Infelizmente os nossos governantes só fazem disparates e não tomam as grandes decisões necessárias ao país. Parabéns pelo seu comentário que aborda o essencial nesta matéria.

  2. É preciso averiguar se a ausência de chuvas e as elevadas temperaturas em Abril e Maio foram provocadas pela Natureza ou pelo Ser-Humano.

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