Gouveia e Melo critica “a cultura do português” e diz que levaria “anos para endireitar” o país

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Mário Cruz / Lusa

“Sedutor e sem tolerância para malandros”. Assim se apresenta o vice-almirante Gouveia e Melo, o coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19 na sua primeira grande entrevista, onde deixa críticas à “cultura do português” e nota que “eram anos para endireitar” o país.

Com o “coração em África”, onde nasceu e viveu até à adolescência, em Moçambique, e “o cérebro em Portugal”, Gouveia e Melo olha com alguma crítica para o país onde vive na sua primeira grande entrevista a um jornal, precisamente o Nascer do Sol.

“O que me chateia é a cultura do português”, admite o vice-almirante, frisando que “como povo, temos coisas fantásticas, mas, ao nível organizativo, acreditamos muito no improviso”.

“As pessoas estão mais preocupadas com a sua posição do que com aquilo que devem fazer”, critica ainda, considerando que “eram anos para endireitar” o país.

“Faço o que tiver de fazer e sou impiedoso com os malandros“, aponta ainda nesta entrevista, onde assume que sabia que tinha “skills que podiam ser úteis” para ajudar o país quando foi convidado para coordenar o Plano Nacional de Vacinação.

Sobre esse processo, Gouveia e Melo aponta que quando Portugal atingir a meta dos 70% da vacinação, vai “dormir mais cedo e profundamente”. “O meu sistema está de tal forma saturado que já não sinto as coisas normais”, diz ainda.

Na entrevista ao Nascer do Sol, o vice-almirante também entende que “a marinha está a precisar rapidamente de uma revolução“.

“Somos um país que cada vez que se foca em terra perde força e cada vez que se foca no mar ganha força”, diz ainda.

Num tom mais pessoal, Gouveia e Melo admite que “tinha algum sucesso” com as raparigas quando era jovem e até tinha a alcunha “Marlon” numa referência ao sedutor actor norte-americano Marlon Brando. “O truque era fazer rir as raparigas”, conclui.

ZAP //

36 Comments

  1. Como diz o Povo na sua imensa sabedoria, “quando uma coisa nasce torta, tarde ou nunca se endireita”. Quando analisa o português, o Sr. Almirante está a sintetizar uma célebre expressão de John F. Kennedy dirigida aos americanos: “Não pergunteis o que a América pode fazer por vós, perguntai o que podereis vós fazer pela América”. Claro que poderia ir mais longe e dizer que considero que a resposta a esta pergunta ou a sua recusa, definem, sem tretas retóricas, o que é ser ou não patriota. Quanto a sermos capazes de coisas fantásticas como povo, discordo, a apostasia não assume os usos e costumes de colectivos ou povos, muito longe disso.

  2. Gostaria de deixar aqui algumas breves notas:
    1 – Quando este Senhor foi designado coordenador da Task-Force, não gostei: mas é preciso um militar para isto?
    2 – Na sua primeira aparição “pública” enquanto tal, envergando um camuflado, fiquei possesso: mais um vaidoso de um militar, com tiques de ditador.
    3 – Claro que este sentimento denuncia algo mais profundo que é a minha aversão pessoal a toda e qualquer farda e aos militares em particular que parecem viver numa espécie de estado dentro do Estado, com regimes de excepção para tudo e mais alguma coisa.
    4 – Apesar de tudo, tenho por hábito dar o benefício da dúvida e assumir quando me engano. É o caso.
    5 – Não retirando uma vírgula ao que atrás escrevi, importa salientar que, apesar de tudo as coisas estão a correr bem, sem grandes casos, com excepção das habituais habilidades de alguns “tugas” que, a menos que tenham um “polícia” honesto ao lado, sempre tentarão contornar as regras e, no sistema, sempre haverá quem a isso se preste.
    6 – Dito isto: não me parece que o Vice-Almirante Gouveia e Melo tenha razão: primeiro porque este povo não tem emenda – se dúvidas existirem, uma confrontação entre os inúmeros casos dos últimos anos de governação e as sondagens dissipá-las-á; Não tem igualmente razão quando fala em anos para endireitar o país: noutros tempos o Professor Oliveira Salazar, demorou mais de quatro décadas.
    7 – Portanto, serão décadas e não anos para endireitar o país e quanto ao povinho, não tem emenda…
    8 – Mas apreciei muito a frontalidade do Senhor. É algo que falta: dizer o que se pensa, sem rodeios ou receios de qualquer ordem. Quiçá, alguém a seguir, quanto mais não seja para meter os malandros na ordem. E há-os aos magotes neste triste rectângulo a caminho de Estado falhado….

    • Este homem devia ser aproveitado para salvar muitas empresas públicas ou Intervencionadas, eu achava a pessoa certa para pôr as RTPs na ordem, e fazer a limpeza necessária à décadas e que ninguém é capaz de fazer, pôr as RTPs ao serviço dos Portugueses e não ao serviço do PSD ou outro qualquer.

    • Estar-se para as tintas com o politicamente correto é tão bonito, mas tão ausente no Portugal de hoje. Só por isso, gostei de ver esta pedrada no charco do sr. vice-almirante. Precisamos, como pão para a boca, de figuras e comportamentos destes, para ver se começamos a sair da lama fétida em que estamos metidos.

      • Normalmente quem precisa de salvadores ou espera por milagres nunca vai longe… as religiões estão fartas de demostrar isso!…

  3. Estou de total acordo com as declarações do senhor vice-almirante, mas desiluda-se! Se no passado o povo não conseguiu mudar, muito menos agora onde isto se está cada vez mais a transformar numa selva do safe-se quem puder. Ele próprio possivelmente não terá jeito nem vocação para político, mas com estas declarações se arriscasse a tal seria imediatamente queimado, quer por políticos, quer pela comunicação social, organização e ordem são valores pouco apreciados por cá! Isto está mais voltado par vaidades e propagandistas de boas falas!

    • Este homem devia ser aproveitado para salvar muitas empresas públicas ou Intervencionadas, eu achava a pessoa certa para pôr as RTPs na ordem, e fazer a limpeza necessária à décadas e que ninguém é capaz de fazer, pôr as RTPs ao serviço dos Portugueses e não ao serviço do PSD ou outro qualquer.

  4. Portugal esta atrasado no plano de vacinação, com um esquema pesado e lento. Percebo agora pelo o excesso de zelo de quem o dirige.

    • Claro, o melhor mesmo são as trapaças do costume. É por se pensar desta forma que somos o país mais atrasado da União Europeia. Só falta mesmo a Roménia e a Bulgária passarem-nos à frente…

      • Nunca defendi os furas ou trapaças. Mas estamos face a uma urgencia sanitaria. Necessita organização sim, mas algum pragmatismo também é necessario. Nem 8 nem 80. Portugal que era um pais pratico, esta a tornar-se um zelo de burocracia a todos os niveis.

      • Isso é outra coisa. E, assim, tendo a concordar consigo (não neste caso em concreto, mas no geral).

    • O plano de vacinação não e pesado ou lento, o fornecimento de vacinas e nas datas acordadas e que fazem o plano não avançar mais depressa.

  5. Não acredito que a vacinação esteja a correr mal, acredito que os “fura leis” aparecem sempre, e sentem-se orgulhosos de tirar a vez aos outros, é em tudo, vão ver a quantidade de reclamações no acesso à universidade, vão, vejam o perfil daqueles que furam as regras, vão a todas as instituições, e depois digam se o senhor Almirante não tem razão, sabemos que os militares são melhores, para quê dizer mal, o homem de farda apareceu, por alguma razão, enquanto ao Salazar, havia muita gente a fazer mal às custas do nome do Salazar, o Salazar tinha culpa de tudo, mas os mentirosos, trabalhavam muito, igual a hoje.

    • Este homem devia ser aproveitado para salvar muitas empresas públicas ou Intervencionadas, eu achava a pessoa certa para pôr as RTPs na ordem, e fazer a limpeza necessária à décadas e que ninguém é capaz de fazer, pôr as RTPs ao serviço dos Portugueses e não ao serviço do PSD ou outro qualquer.

  6. “Ao nível organizativo, acreditamos muito no improviso”.

    O tão conhecido além fronteiras “desenrascanso”. O português, no geral, transforma a excepção em regra. O que podia ser uma vantagem e uma virtude em situações inesperadas, torna-se um defeito com graves consequências quando é adoptado como normal.
    E os (maus) exemplos vêm de todos os lados. Nem quem governa dá um bom exemplo. Como é cada um por si, e toda a gente vê que o chico-espertismo é premiado e quem realmente tem ideias de longo prazo e preocupações em endireitar as coisas é “abafado”, é muito dificil resistir. Uns desistem e vivem criticando o estado das coisas, outros esquecem os princípios e reforçam o que antes criticavam.
    Isto é contagiante, desmotivante, mina as sociedades e não há quem lhes ponha um fim porque quem faz as regras, beneficia deste estado de coisas.

    O que é irónico é que um português com uma organização estrangeira, dá cartas.

    • é verdade, temos inumeros exemplos que quando à frente duma unidade estrangeira somos reconhecidos pela NOSSA CAPACIDAde de execuçao e competencia nas funçoes

  7. Efetivamente este é um país de malandros. Não aqueles que se fartam de dar o corpo ao manifesto para levarem umas migalhas para casa e deixar a maior parte em impostos. Os grandes malandros são os incompetentes que vão passando pelos governos, protegendo-se a si e aos amiguinhos. Pessoas como o Sr. Vice Almirante é que serviriam bem este país, libertando-o da incompetência que há.

    • Este homem devia ser aproveitado para salvar muitas empresas públicas ou Intervencionadas, eu achava a pessoa certa para pôr as RTPs na ordem, e fazer a limpeza necessária à décadas e que ninguém é capaz de fazer, pôr as RTPs ao serviço dos Portugueses e não ao serviço do PSD ou outro qualquer.

  8. Este Senhor Militar se levar avante a sua posição prova que é um homem interessante para estar à frente de muitos serviços Públicos ou Intervencionados, eu gostava de o ver à frente das RTPs, julgo que seria a pessoa indicada para pôr ordem na casa, e obrigar as RTPs a retomar o princípio para que foi criada, abandonando as amarras e interesses dos Partidos políticos como o PSD, impor uma gestão criteriosa abandonando as parcerias injustificadas, e pondo as RTPs a concorrer para a liderança dos telespectadores, respeitando assim o dinheiro do erário Público e as taxas na Luz, era o homem certo para Limpar as RTPs dos tachos, das Cunhas, das negociatas, dos Partidos políticos.

  9. Este homem devia ser aproveitado para salvar muitas empresas públicas ou Intervencionadas, eu achava a pessoa certa para pôr as RTPs na ordem, e fazer a limpeza necessária à décadas e que ninguém é capaz de fazer, pôr as RTPs ao serviço dos Portugueses e não ao serviço do PSD ou outro qualquer.

  10. Boas.

    Quero dar os parabéns pela lufada de verdade isenta de intresses do Sr.Almirante Gouveia de Melo.

    Parabenizo também pelo sucesso da vacinação .

    Na verdade em Portugal não há lugar para pessoas sérias !!!

    Hoje em Portugal para uma pessoa ter sucesso ou se junta ao sistema de 98milhões de corruptos ou é dado como ressabiado , coitado , parvo ,não sabe o que diz , ditador , pobre e ignorante ou sonho mongo!!!!

    Nas sociedades desenvolvidas , não podem ter problemas de injustiças , com tanta regularidade dentro das entidades , soberanas ; Ministério da Justiça ,PGR, Administração interna.

    Eu sei que este texto não agrada á maior parte dos portugueses e talvez nem vai ser publicado , mas esta é a verdade de Portugal que necessita de implantar uma disciplina desde o 6° ano ano até ao 10° Ano de dever cívico , dos efeitos da verdade e da mentira ou da omissão na sociedade ,respeito pelo próximo e pelo meio ambiente como por nós próprios de deveres e direitos de cidadania.

    Só assim daqui a 20 anos vamos ter uma sociedade e um país mais evoluído ,justo,solidário e desenvolvido com conteúdo duradouro e diminuir o cancro da corrupção .

    Pois a corrupção nao está nos genes das pessoas , mas o sistema actual corrupto controla e ostracisa as pessoas , vivemos num reality show de bullying corrupto.

    Sucessos .
    Daniel Silvestre
    27/06/21

    • +e verdade sim senhor, a primeira coisa é salvaguardar os interesses civicos da nossa sociedade e nao admitir desvios ou omissoes, exigir respeito pelo proximo e quando alguem apresenta ideias fora do nosso contexto, de imediato alguem analisar se existem interesses escondidos que os levem a apresentar essas propostas. MAIS sou a favor que como existe na Suiça, propostas fraturantes sociais sejam todas levadas a referendo e não deixar que eventuais corruptos dominem a seu bel prazer as vontades do Povo

  11. Se este Homem, vice-Almirante – Henrique Gouveia e Melo, um dia se lembrasse de constituir um partido político com ele ao leme, tenho a certeza de que os que não têm votado, diziam ‘presente’ nas próximas eleições e assim, acabava toda esta bandalheira de país sem rei nem roque! Eu voluntariava-me para o topo da fila!

  12. Não é “cultura dos portugueses”, é cultura dos “chicos que se armam em espertos”, pois sou portuguesa e não sou assim. Sou da opinião que dever-se-ia começar já, embora leve anos havemos de chegar lá. Se não se começar nunca mais acontece.

  13. Subscrevo integralmente o que diz o Sr. Vice- Almirante Gouveia e Melo. Mais, tal como ele, odeio gente armada em esperta, e termino dizendo, bom era que se apresentasse a eleições, tenho a certeza que as vencia. É de homens assim que Portugal precisa. Como portuguesa, um grande bem haja.

  14. Eu acho que o Gouveia e Melo, após concluir este esforço nacional de vacinação, deveria ser nomeado selecionador da Seleção Portuguesa de Futebol. O homem joga ao ataque e procura fazer rápido e bem. É este o homem que a seleção nacional precisa!

  15. Este homem devia ser aproveitado para salvar muitas empresas públicas ou Intervencionadas, eu achava a pessoa certa para pôr as RTPs na ordem, e fazer a limpeza necessária à décadas, que ninguém é capaz de fazer, pôr as RTPs ao serviço dos Portugueses, que a Pagam, e não ao serviço do PSD ou outro qualquer Partido Político.

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