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Golfinhos adaptaram esperma para reproduzir-se no meio aquático

Um novo estudo revela que o esperma dos golfinhos teve de ser adaptado para permitir a reprodução destes animais no meio aquático. 

Ao contrário dos seus parentes terrestres, que usam a glicose como fonte de energia, os espermatozoides dos golfinhos metabolizam os ácidos gordos para permitir a sua mobilidade e adquirir a capacidade de fertilizar o óvulo, conta a agência Europa Press.

Isto porque, há 50 milhões de anos, quando alguns herbívoros decidiram voltar ao mar, tiveram de evoluir e mudar a sua morfologia. O seu metabolismo também mudou drasticamente ao substituir a alimentação vegetal por uma dieta rica em gordura e proteína, baseada no consumo de peixe. Esta transformação contribuiu para a adaptação às novas condições de falta de oxigénio durante longos períodos de tempo.

“Ao mudar a dieta à base de vegetais e polissacarídeos de origem vegetal por proteínas e gorduras, começaram a usar os ácidos gordos como substrato energético. Os músculos adaptaram-se para utilizar as gorduras como fonte de energia, enquanto que a glicose foi reservada para alguns tecidos específicos, como o cérebro”, explicou Alfonso Gutiérrez-Adán, investigador do Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Agrária e Alimentícia do Conselho Superior de Investigações Científicas (INIA-CSIC).

Nestas novas condições, os seus órgãos reprodutores e estratégias reprodutivas também passaram por grandes transformações. Por exemplo, os golfinhos perderam as chamadas vesículas seminais, que produzem o líquido seminal, pelo que a fonte de energia para poder mover-se e fertilizar o ovócito teve de ser acumulada no seu interior.

“Descobrimos que muitas das enzimas da via glicolítica, responsáveis ​​por metabolizar a glicose no testículo, estão inativadas nos golfinhos. Isto ocorre porque a via que os espermatozoides usam para produzir energia e poder mover-se é a fosforilação oxidativa de lípidos. Por isso, supomos que a espécie passou por uma adaptação extraordinária, imprescindível para se reproduzir nas novas condições marinhas”, disse ainda Gutiérrez-Adán, um dos autores do estudo publicado, no final de junho, na revista científica Current Biology.

ZAP //

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