Têm medo de ser julgadas. Médicas católicas não prescrevem contraceptivos e até recusam cuidar da paciente em caso de vida ou morte. A cláusula de consciência é controversa.
Ir a uma ginecologista deve ser algo normal numa mulher. Uma ida sem receios, com o intuito de conversar e perceber alguns aspectos da vida sexual da mulher.
Se for uma mulher em idade fértil, pode falar-se sobre fertilidade, maternidade, a possibilidade de engravidar… Uma conversa tranquila, esclarecedora.
Mas na Polónia não é bem assim. Num país dominado pela religião, e onde o aborto (por exemplo) é assunto muito delicado e fracturante, há mulheres que… fogem das ginecologistas. Sobretudo religiosas.
O portal Worldcrunch destaca que muitas jovens polacas não vão às consultas de ginecologia porque têm medo de ser julgadas.
Não é em filme: há médicos ou médicas – católicas – que não prescrevem contraceptivos, que evocam abertamente a religião, que se baseiam no catolicismo para julgar a paciente, e chegam até a recusar cuidar da paciente em caso de vida ou morte.
Há médicas – segundo alguns relatos – que dizem à paciente, por exemplo, que a pílula do dia seguinte é só para “vadias”.
Há anos que se acumulam os relatos de violência e tratamento inadequado de pacientes em consultórios ginecológicos em toda a Polónia.
Agora, um relatório da kliniki.pl, plataforma nacional que liga doentes a consultórios médicos, mostra que mais de 10% das mulheres, ou não vão à ginecologista há mais de 5 anos, ou então nunca foram sequer.
Detalhe: dois terços deste grupo são jovens entre 18 e 24 anos. A partir dos 28 anos, as idas à ginecologista são mais frequentes.
E essas jovens admitem: evitam os exames ginecológicos por vergonha ou medo de serem julgadas pelo médico.
Cláusula da consciência
Além dos comentários desnecessários, as mulheres polacas temem ouvir piadas inapropriadas, fazer exames dolorosos, uma atitude autoritária, falta de privacidade no consultório, desrespeito, ou pressa por parte do profissional.
E também é frequente o médico evocar a cláusula de consciência – recusar prestar serviços de saúde que vão contra a sua consciência, contra os seus valores éticos ou morais.
Mas, continua o portal, essa cláusula transformou-se neste conceito: recusa em realizar abortos ou prescrever contraceptivos. Em resumo.
A ministra da Saúde, Izabela Leszczyna, está contra essa cláusula: “Os hospitais não têm consciência” – e avisou que vai haver castigos para quem a evocar.
No entanto, as “catoginecologistas” continuam a existir e a originar críticas online, sobretudo por parte de mulheres jovens polacas.
Perante os comentários dispensáveis de médicos – como “já vi que não és virgem…” – uma jovem de 17 anos, que ouviu algo do género numa consulta, sugeriu: “Os ginecologistas de igreja são casos patológicos. É uma pena que ginecologistas como este não pendurem uma foto do Papa à porta do seu consultório. Pelo menos eu saberia onde não ir”.
Pelas redes sociais já se espalharam os comentários que incentivam as jovens a partilhar nomes de médicos e consultórios que abusam da “cláusula de consciência”. A prioridade é as mulheres polacas ajudarem-se umas às outras para perceber onde há médicos que não fazem julgamentos.
Se tem vergonha é porque sabem o estilo de vida delas é vergonhoso e não um motivo de orgulho como pinta as feministas… A culpa tinha que ser da Igreja Católica… Todos sabem que os médicos são todos católicos… Lool Em 40 anos que sei que sou humano nunca conheci um médico religioso e todos nunca perguntaram nada religioso.