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Descoberto gigante pterossauro com 110 dentes

Mark Witton, Darren Naish

Ilustração dos pterossauros gigantes Quetzalcoatlus, do grupo dos Azhdarchidae.

Há pouco mais de 200 milhões de anos, um pterossauro com quatro presas sobrevoou o vasto deserto do Triásico, nos EUA, prendendo outros répteis com a sua boca cheia de dentes – mais de 100 – até encontrar um final fatídico nas margens de um oásis árido e seco.

O pterossauro tinha uma envergadura maciça com cerca de 1,5 metro de comprimento – aproximadamente a largura de uma criança de 10 anos. Além disso, ostentava 110 dentes, quatro dos quais eram presas com 2,5 centímetros, revelou Brooks Brit, autor do estudo e pesquisador da Universidade de Brigham Young, em Utah.

Foi Scott Meek, estudante da Universidade de Brigham Young, quem encontrou o espécime em 2014. O universitário estava a escavar um enorme pedaço de arenito quando encontrou o crânio do dinossauro bem como, ossos do seu corpo. A rocha onde foram encontrados os fósseis era oriunda da pedreira de Saints and Sinners, em Utah, perto da fronteira com o Colorado, explicou Britt.

“A pedreira data do final do Triásico, há cerca de 210 milhões de anos, quando a Pagea ainda não se tinha fragmentado e um vasto deserto se estendia desde aquilo que hoje conhecemos como o sul da Califórnia até Wyoming”, disse Britt.

O fóssil do pterossaauro está notoriamente bem conservado, ao contrário de outros exemplares que são encontrados esmagados. “Sem contar um achado na Gronelândia, este é o primeiro bom pterossauro do Triássico da América do Norte”, acrescentou o investigador.

Uma análise geológica realizada na pedreira sugere que durante o final do Triásico muitos animais juntavam-se junto daquele que era um exuberante oásis, repleto de plantas, cercado por um vasto deserto. No entanto, o oásis acabou por secar, deixando a fauna e a flora sem uma gota de água.

(dr) Brooks B. Britt Brigham Young University

Pedreira onde os fósseis foram encontrados junto à fronteira com o Colorado, nos EUA

“Provavelmente, os animais morreram durante uma seca severa, e os sedimentos indicam que as suas carcaças foram enterradas quando as chuvas voltaram e o lago se encheu, como se as águas banhassem os ossos com areia”, afirmou Britt.

A areia e a água do passado fizeram um trabalho tão bom em preservar os fósseis do pterossauro, que os investigadores podem criar uma imagem detalhada do animal, nota o estudo publicado na semana passada na revista Nature.

O pterossauro encontrado tinha ainda olhos surpreendentemente pequenos, e a sua dentição é “uma mistura, uma combinação de presas e dentes minúsculos em cada lado das mandíbulas inferiores”, explicou o investigador. Ao todo, o animal possui 80 dentes nas mandíbulas inferiores – incluindo as quatro presas – e 30 dentes nas mandíbulas superiores, incluindo oito pequenos dentes na frente e 22 outros médios mais atrás.

Contudo, o seu estranho “sorriso” não é assim tão diferente dos outros pterossauros primitivos, que tendiam a ter uma mistura de dentes de formas bastantes diferentes – ao contrários dos pterodáctilos (outro espécie de réptil voador), que, na maior parte das vezes, não tinha qualquer dente.

Os investigadores encontraram um tesouro repleto fósseis no antigo oásis: Além do pterossauro, encontraram pelo menos 20 terópodes coelophysoid (dinossauros bipedais, principalmente carnívoros), os dentes de um terópode de dimensões muito maiores, um drepanossaurídeo (animal com uma cabeça semelhante a um pássaro, braços como uma toupeira e uma garra na ponta da sua cauda) e dois tipos de esfenodontídeos.

“Os pterossauros foram os primeiros vertebrados capazes de voar de forma ativa”, disse Britt. “Esta descoberta é mais uma prova de que o voo abre uma ampla gama de nichos para ocupação animal. Neste caso, os pterossauros alimentavam-se de insetos e pequenos vertebrados que prosperaram ao longo das margens de um oásis plantado meio de um deserto gigante”, concluiu.

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