Actualização do catálogo da missão da Agência Espacial Europeia tem informações sobre 2 mil milhões de astros e observação de novas estrelas.
Estranhos “terremotos”, DNA estelar, movimentos assimétricos e outros dados “fascinantes”.
É assim que a Agência Especial Europeia começa por anunciar as novidades que o observatório Gaia apresenta, na sua versão mais recente.
No comunicado publicado nesta segunda-feira, a agência assegura que esta é a análise mais detalhada de sempre à Via Láctea.
O Gaia, missão criada para criar o mapa multidimensional mais preciso e completo da Via Láctea, apresenta agora informações novas e mais concretas sobre quase dois mil milhões de estrelas da nossa galáxia.
Esses novos dados incluem composições químicas, temperaturas estelares, cores, massas, idades e a velocidade com que as estrelas se aproximam ou se afastam da Terra (velocidade radial). Os cientistas passam agora a conhecer melhor as estrelas por dentro.
“Muitas dessas informações foram reveladas pelos dados de espectroscopia recém-lançados, uma técnica na qual a luz das estrelas é dividida pelas suas cores constituintes (como se fosse um arco-íris). Os dados também incluem subconjuntos especiais de estrelas, como aquelas que mudam de brilho ao longo do tempo”, explica o comunicado.
A versão do Gaia apresenta também o maior catálogo de sempre de estrelas binárias, milhares de objectos do Sistema Solar, como asteróides e luas de planetas, e milhões de galáxias e quasares fora da Via Láctea.
Com estas descobertas feitas pelo Gaia, os cientistas envolvidos no projeto esperam conhecer melhor a evolução da Via Láctea, a nossa galáxia, ao longo dos quatro mil milhões de anos de história que se pensa ter.
A Agência Especial Europeia destaca ainda a capacidade de o seu observatório (que não foi concebido para tal) detectar starquakes – são pequenos movimentos na superfície de uma estrela que mudam as formas das estrelas.
Foram detectadas “vibrações que são parecidas com tsunamis em grande escala” e “fortes terremotos não radiais em milhares de estrelas”, que raramente haviam sido vistas.
A descoberta desses starquakes abre uma “mina de ouro” no estudo da ‘asterosismologia’ de estrelas massivas, de acordo com Conny Aerts, que faz parte do observatório.
Já em conferência de imprensa, o director-geral da agência, Josef Aschbacher, afirmou que esta segunda-feira “é um dia muito importante”.