Um funcionário do consulado português em Bissau foi detido domingo no aeroporto de Lisboa por suspeita de auxílio à imigração ilegal e tráfico de seres humanos e está desde segunda-feira em prisão preventiva por emissão ilegal de vistos.
O caso está em segredo de justiça e a investigação prossegue mas o funcionário português é indiciado por crimes de corrupção passiva, tráfico de pessoas, falsificação e contrafacção de documentos, falsidade informática e auxílio à emigração ilegal.
Ele foi detido em Lisboa no último domingo (22/12) no quadro da operação Visa Branco desencadeada pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – SEF – de Portugal, na companhia de uma senhora guineense que não fala português e cujo passaporte tinha sido apreendido pelo suspeito, o que levou as autoridades portuguesas a desconfiar de crime de tráfico de seres humanos, actualmente em investigação.
Durante o inquérito e as buscas no consulado português em Bissau e na residência do suspeito foram apreendidas 209 vinhetas de visto, que teriam sido processadas desde 2012 pelo funcionário agora detido e que desapareceram, suspeitando-se que tenham sido vendidas a elevadas quantias a indivíduos que pretendiam entrar no espaço Schengen.
O suspeito apoderava-se de vinhetas de visto em branco e simulava informlaticamente a emissão de vinhetas referentes a pedidos de vistos de cidadãos guineenses, que ele em seguida anulava, emitindo então novos vistos a favor dos requerentes e apoderava-se das vinhetas anuladas, ainda por preencher, que em seguida eram ilegalmente preenchidas e vendidas.
Tudo começou há cerca de um ano quando foram detidos no aeroporto de Frankfurt na Alemanha sete cidadãos iranianos com vistos portugueses, em passaportes que as autoridades suspeitaram terem sido obtidos de forma fraudulenta.
O SEF efectuou estas apreensões sob coordenação do Departamento de Investigação e Acção Penal – DIAP – de Lisboa e em colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
De recordar que em Dezembro de 2013 o embarque forçado em Bissau de 74 passageiros sírios – 21 crianças, 15 mulheres e 38 homens – com falsos passaportes turcos num voo da TAP com destino a Lisboa, provocou a suspensão da ligação aérea entre as duas capitais por “quebra grave das condições de segurança”.
Desde então funcionários do SEF efectuam regularmente controlos nos voos Bissau-Lisboa antes do embarque dos passageiros.
// RFI