Eleições em França. Valls, candidato de Macron, reconhece derrota e diz ser tempo de “virar a página”

Webstern Socialiste / Flickr

Manuel Valls, ex-primeiro-ministro da França

O antigo primeiro-ministro francês e candidato às eleições legislativas no círculo eleitoral que abrange Portugal, Manuel Valls, reconheceu a derrota na primeira volta do escrutínio, considerando ser altura de “virar tranquilamente a página”.

“Tomo nota dos resultados para o 5.º círculo. Cabe-me tirar as consequências. A vida é suficientemente boa para virar tranquilamente a página”, afirmou, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

O 5.º círculo diz respeito as franceses deslocados em Espanha, Portugal, Andorra e Mónaco e o antigo primeiro-ministro foi o candidato do partido do Presidente, Emmanuel Macron, o ‘República em Marcha’.

Renaud Le Berre, candidato ecologista que integra a Nova União Popular Ecologista e Social (NUPES), coligação pré-eleitoral liderada pela ‘França Insubmissa’ de Jean-Luc Mélenchon, foi o vencedor desta primeira volta das legislativas na 5.ª circunscrição, com 27,24% dos votos, seguido de Stéphane Vojetta, deputado dissidente do partido de Emmanuel Macron, que obteve 25,39% dos votos.

Valls foi o terceiro candidato mais votado, com 15,85% dos boletins escrutinados, pelo que a sua corrida fica por aqui.

O antigo primeiro-ministro agradeceu ainda no Twitter ao seu suplente, Thierry Burtin, que vive e trabalha em Portugal, sobretudo pelo resultado entre os franceses residentes em terras lusas.

Os franceses espalhados pelo Mundo são representados por 11 deputados que correspondem a 11 círculos eleitorais, tendo acesso a diversas modalidades de voto.

Em território francês a eleição decorre a 12 e 19 de junho, enquanto no estrangeiro o voto presencial decorre de forma faseada e tem várias modalidades.

35% dos franceses em Portugal votaram online na primeira volta

A votação na primeira volta das eleições legislativas franceses registou uma taxa de participação por voto eletrónico de “bom nível” em Portugal, com 35% dos eleitores elegíveis a optarem por votar desta forma, adiantou a embaixada.

De acordo com Thomas Bertin, o ‘número 2’ da embaixada francesa em Lisboa, votaram eletronicamente 35% dos cerca de 16 mil eleitores franceses recenseados em Portugal, numa votação que decorreu entre 27 de maio e 01 de junho, mas ainda não é possível divulgar resultados relativos a estes votos, uma vez que a informação está em Paris e ainda tem que ser validada pela comissão eleitoral.

Hoje decorre a votação presencial para a primeira volta nas legislativas nas cinco mesas de voto que existem em Portugal – três em Lisboa, uma no Porto e uma em Faro.

“A participação presencial é menor do que nas eleições presenciais, porque nas legislativas temos voto eletrónico”, explicou Thomas Bertin, sem poder indicar, para já, dados precisos sobre a participação presencial, que decorre até às 18:00 de hoje.

Os resultados globais da primeira volta em Portugal serão conhecidos esta segunda-feira de manhã, adiantou.

O responsável da embaixada francesa em Lisboa explicou também que nestas eleições o voto dos franceses no estrangeiro foi adiantado, porque os círculos eleitorais são muito grandes, sobretudo América do Norte e Ásia, e era necessário dar tempo aos candidatos para fazer campanha na segunda volta.

Portugal, em conjunto com Espanha, Andorra e Mónaco, está integrado no 5.º círculo eleitoral para franceses no estrangeiro, num total de 11, que elegem 11 deputados.

A segunda volta em Portugal decorre a 19 de junho, tal como em França. Já em França, a primeira volta das legislativas acontece no próximo domingo, 12 de junho.

O calendário eleitoral em França faz com que no espaço de dois meses os gauleses escolham o Presidente e os 577 deputados que constituem a Assembleia Nacional, sendo que em França o Presidente é o líder do Governo, havendo muito em jogo para Emmanuel Macron nestas eleições legislativas que decorrem a 12 e 19 de junho.

Desde logo, 15 dos seus ministros recém-nomeados, incluindo a primeira-ministra, Elisabeth Borne, são candidatos em diferentes círculos eleitorais. Se alguns têm a vida mais facilitada, como o ministro do Interior, Gerald Darmanin, antigo autarca de Tourcoing, no Norte, e candidato nessa circunscrição, ou a atual porta-voz do Governo, Olivia Grégoire, que se candidata em Paris, outros lutam pela eleição.

A grande interrogação é Elisabeth Borne. É a primeira vez que a primeira-ministra se apresenta a eleições e foi-lhe concedido um círculo eleitoral onde tem algumas ligações familiares, mas onde não é especialmente conhecida. Para Borne e para os seus ministros, perder estas eleições significa perder o seu lugar no Governo, já que os ministros que não ganharem serão obrigados a sair do executivo.

Estas eleições em França têm duas voltas. De forma a vencer na primeira volta, que se realiza a 12 de junho, o vencedor tem de reunir 50% dos votos que representem pelo menos 25% dos eleitores inscritos. Quando isto não acontece, passam à segunda volta, que se realiza no dia 19 de junho, todos os candidatos que tenham obtido votos equivalentes a mais de 12,5% dos inscritos ou dois candidatos mais votados.

Lusa //

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